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sexta-feira, 28 de julho de 2006

Crimes exemplares - 6

Nessa manhã, parecia que uma improvável conspiração tinha remetido todos os meus gestos à inutilidade, à insignificância, à esfera do risível. Apetecia-me desaparecer sem deixar rasto, deixando uma tabuleta Volto Já para enganar os tolos e os repórteres. Abracadabra! Foi no supermercado que a coisa se deu. Estava na secção das frutas. Às tantas escorrego não sei em quê e caio no chão, com estrondo. Juntou-se imediatamente um coro de gargalhadas à volta. As mais irritantes vinham da empregada que estava nas pesagens, ao que juntava certas graçolas para quem quisesse ouvir. Mas era a voz, uma voz aguda e estridente, o que mais odiei. Recompus-me. Agarrei num coco e fiz pontaria à testa. Caiu redonda no chão, conseguindo-se ainda ver, por momentos, as cuecas às bolinhas.

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