
A história é sobejamente conhecida, tendo-se tornado mesmo objecto de estudo por paleontólogos e pseudólogos (pseudologia, ciência do quimérico, do falacioso). Há até quem afirme que Platão, em A República, deveria ter previsto mais esta modalidade de perversão totalitária, criada e alimentada pela democracia, algures na Atlântida.
Mas veja-se com maior detalhe a última homilia do celebrante macaco-chefe: desta vez exige a criação de um sistema judicial "regional", uma espécie de foro privado convenientemente inspirado por costumes locais e formado por macacos às ordens do chefe. Deste modo, a distribuição de bananas permaneceria intocada, os macacos do continente já não poderiam vir pedir contas e os macacos de todo o mundo teriam ali uma zona franca para poder trocar todo o tipo de bananas, sem que ninguém colocasse questões incómodas. Bravo! É de mestre! Atenção pseudólogos! Mesmo os piratas e flibusteiros de antanho, quando criaram uma rede global de "redistribuição" da riqueza, ao arrepio de todas as leis conhecidas, nunca deixaram de criar as suas, para uso interno: simples, cruéis e de uma lógica desconcertante. Em todo o caso, essas regras eram escrupulosamente aplicadas. Sem excepções. Ora, no nosso exemplo, a ideia seria desmantelar a última forma independente de controlo das tropelias simiescas do chefe y sus muchachos, visto que o controlo e a responsabilização por via política já deixaram de existir há muito. As portas ficariam abertas para o último passo: um regime de excepção, apto a assegurar a inimputabilidade permanente e vitalícia do seu líder.
Mas azar dos azares, as plateias menos desatentas já deixaram de se impressionar com estas macacadas. E já aprenderam que o show off esconde o medo e a insidiosa chantagem. E que esta mais não é do que a preclara antecipação de mais umas dotações extra para financiar a bananada local. Enviadas por correio expresso pelos macacos do continente, num assomo magnânimo e liberal. Como uma mesada que um pai desiludido já deixou de fazer acompanhar de prosélitas recomendações de bom comportamento, mas que, sem dúvida, ainda aliviavam a consciência de assim estar a alimentar a irresponsabilidade e o desvario. Até ver.
Publicado no jornal "O Interior"
Sílvia:
ResponderEliminarDivulga e distribui. Mas convem teres um avião pronto a descolar à disposição. Lol.
Bem visto!
ResponderEliminarQuem diria que em Portugal existe a última República das bananas à beira mar plantada? Podem juntar o Jardim ao presidente da Bielorrúsia e aí temos nós os únicos resistentes à democracia na Europa.