Temporary Autonomous Zone é o título de uma obra saída nos Estados Unidos em 1991, assinada por Hakim Bey. (existe edição portuguesa, sob o título “Zona Autónoma Provisória”, Discórdia edições, Braga, 1999). Um nome a fixar, este guru nómada da contracultura ligada à utilização as novas tecnologias.
A sigla TAZ ilustra, por sua vez, a nova orientação do pensamento libertário americano dos últimos 50 anos. Bey rejeita as utopias dos enclaves autárquicos, sustentando “comunidades intencionais”, à maneira de Fourrier e Owen, como desconfia de um tipo de determinismo baseado na ruptura histórica – Bakounine e Babeuf. Posiciona-se, ao invés, naquilo a que chama de anarquismo ontológico - um conceito tirado a ferros do aristocratismo radical de Nietzsche – a base para uma proliferação descentralizada de experiências sociais. A economia de informação que sustenta esta diversidade é a Rede; os enclaves são Ilhas na Rede. Como? Através do uso de uma estrutura aberta, alternativa e horizontal, de troca de informações e de afectos, graças ao amplexo de mini-sociedades nómadas de utilizadores invisíveis: a rede, isto é a web. É aqui que ele julga possível aquilo a que chamou as utopias piratas, em homenagem às redes de informação criadas pelos vagabundos do mar e corsários dos séculos XVII XVIII. Mas explica Bey que Rede, Teia e Contra-Rede são partes do mesmo complexo, do mesmo padrão — as suas fronteiras intersectam-se muitas vezes. Estas palavras não definem áreas, sugerem tendências.
Mas a Teia não é um fim em si, é uma arma: a tecnologia moderna transforma este género de autonomia num sonho romântico. No futuro, esta mesma tecnologia, liberta de todo o controlo político, poderia tornar possível todo um mundo de zonas autónomas. Por enquanto este conceito não é mais que ficção científica, especulação pura. Estaremos nós, que vivemos no presente, condenados a nunca experimentar a autonomia, nunca passear numa terra governada apenas pela liberdade, nem que seja por momentos? Estaremos limitados apenas a nostalgias do passado ou do futuro?
Mas é precisamente a deriva mercantilista da web, aliada ao bem-pensante triunfalismo tecnológico que fazem desta autonomia, uma realidade puramente transitória, mas não a existência em rede dos “enclaves livres”: o aparelho de Controlo, o “Estado”, deve continuar a deliquescer e a petrificar-se em simultâneo, deve continuar na presente rota, em que uma rigidez histérica serve só para mascarar uma vacuidade, um abismo de poder. À medida que o poder “desaparece”, a nossa vontade de poder deve ser o desaparecimento.
A sigla TAZ ilustra, por sua vez, a nova orientação do pensamento libertário americano dos últimos 50 anos. Bey rejeita as utopias dos enclaves autárquicos, sustentando “comunidades intencionais”, à maneira de Fourrier e Owen, como desconfia de um tipo de determinismo baseado na ruptura histórica – Bakounine e Babeuf. Posiciona-se, ao invés, naquilo a que chama de anarquismo ontológico - um conceito tirado a ferros do aristocratismo radical de Nietzsche – a base para uma proliferação descentralizada de experiências sociais. A economia de informação que sustenta esta diversidade é a Rede; os enclaves são Ilhas na Rede. Como? Através do uso de uma estrutura aberta, alternativa e horizontal, de troca de informações e de afectos, graças ao amplexo de mini-sociedades nómadas de utilizadores invisíveis: a rede, isto é a web. É aqui que ele julga possível aquilo a que chamou as utopias piratas, em homenagem às redes de informação criadas pelos vagabundos do mar e corsários dos séculos XVII XVIII. Mas explica Bey que Rede, Teia e Contra-Rede são partes do mesmo complexo, do mesmo padrão — as suas fronteiras intersectam-se muitas vezes. Estas palavras não definem áreas, sugerem tendências.
Mas a Teia não é um fim em si, é uma arma: a tecnologia moderna transforma este género de autonomia num sonho romântico. No futuro, esta mesma tecnologia, liberta de todo o controlo político, poderia tornar possível todo um mundo de zonas autónomas. Por enquanto este conceito não é mais que ficção científica, especulação pura. Estaremos nós, que vivemos no presente, condenados a nunca experimentar a autonomia, nunca passear numa terra governada apenas pela liberdade, nem que seja por momentos? Estaremos limitados apenas a nostalgias do passado ou do futuro?
Mas é precisamente a deriva mercantilista da web, aliada ao bem-pensante triunfalismo tecnológico que fazem desta autonomia, uma realidade puramente transitória, mas não a existência em rede dos “enclaves livres”: o aparelho de Controlo, o “Estado”, deve continuar a deliquescer e a petrificar-se em simultâneo, deve continuar na presente rota, em que uma rigidez histérica serve só para mascarar uma vacuidade, um abismo de poder. À medida que o poder “desaparece”, a nossa vontade de poder deve ser o desaparecimento.
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