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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Juventude em marcha

 A revista "Sábado" acaba de efectuar um teste rápido a um painel de 100 alunos de vários estabelecimentos de ensino superior de Lisboa. Ou seja, um vídeo onde são feitas cerca de 12 perguntas de algibeira a que um aluno do 9º ano deveria responder sem hesitações. Contudo, os resultados são verdadeiramente alarmantes e deveriam fazer corar de vergonha os responsáveis pela situação. Alguns exemplos: 
1. Os Maias foram escritos "por um tipo chamado Egas", ou por "aquele que morreu há pouco tempo". 
2. O símbolo químico da água é o PH0. 3. Manoel de Oliveira é escritor, maestro e... cinematógrafo. 
4. Leonardo Di Caprio pintou a Mona Lisa. 
5. Durão Barroso não é, "de certeza", o Presidente da Comissão Europeia. Ou não será antes "aquele francês cujo nome não me lembro"? 
6. A capital dos EUA é variável: Nova Iorque, a Califórnia, ou mesmo... a Inglaterra
7. Vasco Santana protagonizou "O Padrinho", sendo Marlon Brando "um grande escritor". 
8. A Chanceler alemã não é o Mel Gibson "de certeza". Ou então, não será a "merc.. merc... qualquer coisa"?
9. Miguel Arcanjo pintou o tecto da Capela Sistina. 
10. O director da Microsoft ´"foi o senhor que morreu há pouco tempo, Bill qualquer coisa..." 
11. Moisés ou os Apóstolos escreveram o "Evangelho Segundo Jesus Cristo". Um não sabe porque "não é católico". Outro alvitrou "ninguém", ou mesmo "não sei, pois já foi há muitos anos". Bom, uma coisa é certa: "não foi o Saramago", afirmou alguém... 
Por outro lado, muitos não ligam a "essas coisas" como artes, literatura, religião, política, cinema, informática e cultura geral. Balelas, claro! Em suma, este vídeo bem podia ser um sketch dos "Gato Fedorento". Mas infelizmente não é, superando assim os piores pesadelos. Trata-se da ilustração de como a ignorância pode ser realmente pornográfica. Aposto que grande parte deles foram mesmo "bons alunos" no secundário. O problema não está só no processo de Bolonha. Está no famoso e (aparentemente) premiado sistema de ensino em Portugal. Onde pontuam luminárias desejosas de pôr em prática teorias pedagógicas que ninguém entende, incompetentes de diversa ordem e ilustração, o "deixa andar", o facilitismo. Não vi melhor prova até hoje onde pode levar a obsessão pelo (in)sucesso escolar, o investimento num monstro insaciável que se alimenta de si próprio: à ignorância mais miserável.

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