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sábado, 8 de outubro de 2011

O prémio

O Governo decidiu suspender os prémios aos melhores alunos do secundário, no valor de 500 Euros. A medida foi anunciada cinco dias antes da entrega dos prémios, cerimónia prevista para o dia 1 de Outubro. O Ministro da Educação justificou a decisão, prometendo que essa verba será "atribuída a projectos de escola, a projectos de apoio aos alunos e não devemos estar simplesmente a distribuir dinheiro". Não podia estar mais de acordo. Poder-se-ia levar esta filosofia de acção um pouco mais longe. Estou-me a lembrar dos generosos subsídios concedidos a associações de estudantes, quer do ensino secundário, mas sobretudo do superior. E também, de um modo geral, às associações juvenis do mais variado tipo que são financiadas pelo IPJ, sem nenhum tipo de supervisão dos gastos. Ou então, se ela existe, é puramente retórica. E acreditem que sei do que estou a falar. Ou seja, esta pródiga subsidiação da juventude, que só obscuras razões - maxime a manutenção e fixação de clientelas eleitorais - explicam a persistência num período de vacas magras, devia acabar de vez. Apertando-se nos recursos financeiros disponíveis e nos critérios utilizados.
Relativamente ao episódio dos "prémios de mérito", gostaria ainda de acrescentar algumas reflexões. Qualquer aluno, seja do ensino público ou privado, deveria ter presente que ter boas notas não é mais do que a sua obrigação. E que se forem mesmo muito boas, basta o prémio da sua satisfação e da que proporciona à sua família. Traduzir isso em expressão monetária, com o aval do Estado, é ir por caminhos perigosos. Sobretudo sabendo-se que o actual sistema de ensino prima pelo facilitismo e pela descida da bitola da excelência, atendendo à menorização dos bons alunos, em benefício dos outros e dos "casos problemáticos" e ainda às sacrossantas estatísticas do (in)sucesso escolar. Por outro lado, ser bom aluno, sobretudo no ensino secundário, não quer dizer necessariamente ter as melhores notas. Significa que existe um equilibro entre a expansão do conhecimento e o crescimento como pessoa e como cidadão. Significa que, a haver prémios, não deveriam ir para os marrões, mas para os que sobressaíram enquanto unidade compósita de competências.

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