Faz hoje um ano que a minha mãe se foi deste mundo. Nada do que possa aqui dizer mudará esse facto, ou afastará esse vazio. Por isso, limitar-me-ei a passar de novo o que no dia da sua morte escrevi. Sabendo talvez que estas palavras me hã-de escrever para sempre.
Uma mãe não é só a árvore de onde brota a seiva. Não é só a luz que teima em brilhar no fundo da escuridão. Não é só o amor/combate. O amor que nunca chega tarde. O amor tantas vezes desperdiçado. Tantas vezes deste reino e, por isso, de outro mundo. Tantas vezes vagueando pelas áleas pejadas de folhas outonais e sorrindo pelos prados primaveris. Tantas vezes estendido como um lençol tão grande que a nossa alma nunca irá abarcar. Tantas vezes uma rendição incondicional sem vencedores nem vencidos. Uma mãe é a única lição conhecida. O discreto esplendor da delicadeza. O farol que guia e mesmo apagado não descansa. O poema que uma vida não basta para escrever. E todas as lágrimas não chegam para lembrar.
Sem comentários:
Enviar um comentário