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quarta-feira, 16 de junho de 2010

Bricolage surreal

Caros(as) amigos(as), a vida é cheia de surpresas. Esqueçam o "querido, mudei a casa!" O modelo está esgotado... Até mesmo se a frase for levada à letra. O que, conforme demonstram alguns programas do Discovery Channel, nem é difícil, desde que apareçam as roldanas e os dispositivos rolantes apropriados. Segredos bem conhecidos dos antigos egípcios, é sabido. Sobretudo quando deslocavam blocos de pedra maciços, com várias toneladas, dos barcos para os locais de construção, a vários quilómetros de distância. E não consta que os faraós fossem grandes apreciadores de decoração instantânea. Por outro lado, o mito urbano do canalizador polaco já teve melhores dias. Argumentos non sequitur, já vos oiço dizer. Peço-vos um pouco de paciência, caros(as) leitores(as). O episódio que vos quero relatar é de tal forma absurdo que nem o Mc Gyver algum dia sonhou deparar-se com ele. E muito menos resolve-lo. O caso é que, anteontem, ao dar conta do estado de funcionamento de um apartamento que me foi entregue, verifiquei que o reservatório do autoclismo não vedava. Pelo que a água não parava de escorrer. De imediato, desmontei a tampa do depósito, do género incrustado na parede. Não demorei a perceber que a borracha, no fundo, embatia num objecto metálico, impedindo assim que estancasse a água. Fechei a torneira geral e voltei pouco depois, munido de uma generosa caixa de ferramenta, um pequeno espelho e uma pilha. Comecei por desmontar o mecanismo fixo, que acciona o tubo de plástico com a borracha ao fundo. E cujo movimento de vai vem, como um êmbolo, abre a fecha o fluxo de água descendente. Sem obstáculos, introduzi a pilha na concavidade da parede, com o espelho por cima, a fazer de periscópio. Qual não é o meu espanto quando vislumbrei o que estava no fundo: duas facas! Exactamente, leram bem. Recomposto da surpresa, imaginei logo um plano B. Saí novamente, para ir ao carro buscar uma coluna de som avariada, que tinha substituído no dia anterior. Em seguida, desmantelei-a, afim de extrair o precioso íman. Retirei também um resto de fio eléctrico que ficara ligado à ex-coluna. Com um alicate de corte, perfurei o invólucro de latão que rodeava o íman e nele atei uma ponta do fio. No final, introduzi o íman no reservatório e manobrei o fio que o prendia, por diversas vezes, até sentir cada uma das facas "colada" ao íman. Puxando-a depois cuidadosamente até à abertura. E foi assim que resgatei os dois objectos metálicos. Após o que montei novamente o mecanismo. Tendo verificado então que o dispositivo, desta forma expurgado dos "intrusos", funcionava razoavelmente. 
Conclusão: as coisas valem o que valem, é tudo uma questão de ferramenta.

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