Reflexões, notas, impressões, apontamentos, comentários, indicações, desabafos, interrogações, controvérsias, flatulências, curiosidades, citações, viagens, memórias, notícias, perdições, esboços, experimentações, pesquisas, excitações, silêncios.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

O vento que passa


Nas últimas eleições presidenciais, apoiei activamente a candidatura de Manuel Alegre. Para que conste. No entanto, desde cedo percebi o que os seus 1 200 000 votos representavam. Ou seja, pouco mais do que um capital de risco à mercê da voragem dos partidos e do pequenos e médios entertainers da política. Ou então, dito de outra forma, uma semi-vitória de Pirro. Que incomodou muita gente, é certo, mas incompatível com qualquer arranjo contabilístico a posteriori, ou qualquer apropriação para outros fins que não aqueles onde se esgotou. Alegre até deu uma mãozinha a este cenário. Não rompeu com o PS, como lhe competiria, nem abriu mão de qualquer nova alternativa política. As razões até são fáceis de explicar. A mais óbvia de todas é a sua "institucionalização" no interior do PS. O termo designa, precisamente, a incapacidade protagonizada por um prisioneiro de longa data em organizar a sua vida no exterior da prisão. A razão mais simples é o trivial esgotamento do seu discurso e do seu projecto político. Entretanto, o BE lançou uma OPA gigantesca tendo Alegre como objecto. A qual foi aceite, tendo como palco o célebre comício conjunto no Teatro da Trindade. Na prática, Alegre é hoje pouco mais do que um refém de luxo do BE. A sua validade política expirou quando optou pela evolução na continuidade. É um genuíno produto de um partido político, em modo parlamentar, mas que tenta desesperadamente camuflar o seu percurso. Aparecendo então como um candidato da "sociedade civil" e dos "cidadãos". Por todas as razões apontadas, e porque as diferenças saltam à vista, a minha atenção vai agora para a candidatura de Fernando Nobre. Muito em breve analisarei aqui mais em pormenor o seu significado.

Sem comentários:

Enviar um comentário