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terça-feira, 3 de novembro de 2009

O Tambor

O mundo ia ficar perigoso. E ficou. Obrigado Adriano Moreira por teres sobrevivido a Revolução. Guido Westerwelle é homossexual. Não te agradeço por seres Ministro, nem da Alemanha, nem de lado nenhum. O povo irlandês votou não a uma União Europeia assustadora. E depois votou a favor. Já não sou irlandês. A república checa votou uma União Europeia assustadora. Apenas salvaguardando não ter que pagar aos alemães que foram expulsos. Obama conseguiu sobreviver à crise económica mas o Serviço Nacional de Saúde não passa. Vá lá. Conseguimos ter um Presidente negro no país mais poderoso da terra. Só isso. Não chegámos a acordo sobre o Clima, em Copenhaga. Não faz mal, os velhos feiticeiros continuarão a mandar chover e nós teremos que tremer de cada vez que embarcarmos num avião porque teremos que ganhar o pão muito longe. O Saramago chama «filho da p…» a Deus, o Deus que alguns doentes terminais invocam para minorar a dor, o mesmo Deus que outros invocam para sonharem pela quinquagésima vez que poderão ser felizes ou, ao menos, ter alguma paz. E uma sala acolheu-o em pé, sonhando o seu sonho pérfido de que, se ele não pode ser Presidente da República, pode partir o palco antes de sair. A Dra. Laura Santos, ilustre sabichona, diz-nos que a «Vida é biográfica», já não é biológica. Na Suíça, o Governo federal vai parar com o Turismo da Morte assistida que organiza viagens só de ida para 400 indivíduos por ano, ao país. Um pedófilo pede para que lhe removam os testículos num hospital. Sim. A vida nunca foi biológica. Tivemos que a defender de armas na mão. Tivemos que ser estudantes de teologia nas montanhas, arrancar balas a frio, ser psiquiatras de nós próprios porque, como diz um ditado do deserto: «os loucos viram o dedo de Deus».
Que restará deste mundo organizado em que as pessoas inventam a lenda do «Big Brother» e a executam como as crianças seguindo a flauta de Hamelin? Que restará deste Mundo, onde o Apocalipse dizia que «ninguém poderá vender nem comprar sem ter o número da besta inscrito na testa» e nós temos números impressos em todas as partes do corpo? A nossa sorte é tão irrisória como os milhões de anos inscritos nos esqueletos dos dinossauros que passearam por oceanos verdeazuis como imperadores sem lei.
Mas sigamos para as colinas. Nem que as colinas sejam os altos e baixos das nossas triplas personalidades, entre os ataques de febre das gripes que crescem nos matadouros, onde os bois gritam de terror, sem testemunhas, de madrugada, onde as porcas mordem a cerca com cio, antes de serem inseminadas artificialmente, sem calor, nem amor. Vamos para as colinas. Como Viriato, o sem-nome, o traído, como os bandidos dos pântanos da China medieval.
Uma Nação não é um Povo, nem um território. Uma Nação não é um Império, nem um Mar. Uma Nação é a floresta obscura do último reduto, onde o meu medo e o teu têm o direito de existir. Quem diria que a Coragem é o nome de baptismo do Medo?!
O Medo é o menino-tambor. Onde há coragem nas fileiras, sem o tambor?

André

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