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terça-feira, 24 de novembro de 2009

A idade dos porquês - 6

Porque é que, para além da complacência, a criação cultural tem outro inimigo de peso: o amiguismo? O amiguismo, em versão low tech, resume-se a uma troca acrítica de favores, cumplicidades, apreciações invariavelmente positivas, em circuito fechado, sem qualquer distanciamento, aos unanimismos paroquiais, às clássicas palamadinhas nas costas e que mais tarde são cobradas com juros... Eis o cardápio dos piores cancros da cultura e um alarmante sintoma de provincianismo...

1 comentário:

  1. Pois! Na juventude gravitei uns tempos num círculo de amigos cujo denominador comum era serem descendemtes de grandes proprietários rurais e/ou filhos de profissionais liberais. Tudo muito MÊS (Movimento de Esquêdââ Socialista). Tudo muito bem, muito hedonista. Fui aceite, apesar das origens nebulosas, por ser filho de um profissional liberal de sucesso.
    Um do grupo, o mais atinado, ascendeu a secretário de estado durante o cavaquistão. Não sei se foi por isso que o grupelho arranjou uns financiamentos da UE para uns projectos de apoio a região do interior mas o certo é que correu muito uísque, muita jantarada, muito 3pastorinhos/frágil, carros novos e piscinas. A região apoiada não sei se ganhou algo com o assunto. Isto para dizer que assisti ao vivo à utilização dos fundos de apoio. A como o único critério para botar a mão no grosso do bolo era o status social, ou na falta deste a origem mais ou menos aristocrática. E isto era com pessoal que se posicionava à esquerda (a alegre). Á direita só posso ser testemunha de uma família da pequena "nobreza" rural a que estou ligado por acidente e cujo desporto é perorar contra o país e a baixeza do seu povo. Tudo alto quadro de instituições bancárias ou universitárias ou quadros superiores de variados ministérios. Como os grupo anterior "odeiam pobre" acima de todas as coisas. E ambos grupos têm em comum "pensar em bloco", cultivarem sinais subliminares de pertença à aristocracia e serem avessos aos santos populares. Aliás a tudo que seja popular português. Só a POP. Têm uns membros de referência que decidem o que está IN ou OUT e guiam-se por aí. Só se chateiam uns com os outros por mor de dinheiro. Ás vezes emprestam-se dinheiro e óspois não pagam. Aí chateiam-se. De quando em vez vendem umas propriedades e ficam todos amigos outra vez. A propósito: é impressionante a quantidade de propriedades que os avoengos desta gente acumulou. Não fosse isso estas últimas décadas teriam sido um pouco tristes para este segmento da sociedade portuguesa: a alta classe média. Come-se maravilhosamente. Aristocracia à parte. Nada de nouvelle cuisine. Isso é coisa de arrivista mesmo!

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