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sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Zapping

A questão da suspensão do jornal de sexta, na TVI, tem contornos mais complexos do que à primeira vista possa parecer. Todavia, ao mesmo tempo, tornou tudo mais claro. Mesmo admitindo que tenha havido anteriormente pressões do gabinete do 1º ministro para que o programa acabasse, custa a crer que, num período eleitoral, tenham sido mais intensas. A ordem de suspensão, sabe-se agora, partiu do próprio Cébrian, patrão da Prisa. Só um ingénuo pensaria que foram imperativos de qualidade que determinaram a decisão. Numa perspectiva empresarial, no universo autofágico da comunicação social, o programa seria de manter, em princípio, pois tinha um share consolidado. Apesar de a emissão dever servir como case study sobre o que não deve fazer-se no jornalismo. Então, se assim é, porquê acabar com ele? Simplesmente porque outra lógica se sobrepôs à das audiências. Num país onde o peso do Estado se faz sentir em todos os sectores de actividade, não seria desejável que a TVI ficasse para trás numa possível reestruturação do sector, ou que tivesse tratamento de 2ª na disponibilização da informação oficial, ou nas habituais prebendas. O grupo detentor da estação assustou-se perante a perspectiva de promover um programa estigmatizado, num país pequeno, movido pela inveja, sem um espaço público plural e transparente e com um Estado imenso. Tudo o resto são suposições. Por outro lado, a reacção de Sócrates é miserável. Afirmando, com um cinismo insuportável, que até gostaria que o programa continuasse, mesmo tendo sido "vítima" no passado da "terrível" Moura Guedes. Mesmo tendo já dito o pior possível da emissão e dos seus responsáveis. Sócrates perdeu aqui toda e qualquer credibilidade política para quem gosta de manter um mínimo de exigência em relação a quem nos governa. E o caso Freeport está longe de ter terminado...

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