Hoje transferi a caminhada aeróbica quase/diária para a cidade, em vez do parque de Rio Diz. Momento perfeito para reactivar memórias, recolher impressões digitais de um tempo que acabou. O tempo em que a Guarda tinha "rua", tinha uma "proximidade" aconchegante, tinha uma convivialidade natural, espontânea, tinha cafés carismáticos, inspiradores, tinha tertúlias acaloradas, uma irreverência imprescindível, um pulsar colectivo que se sentia, uma leveza que fazia esquecer a solidez e a asfixia do granito. Hoje, infelizmente, a cidade não tem "rua". Funciona como um centro de dia, animada pelos serviços e algum comércio. E nem mesmo os arranjos no "mobiliário" urbano conseguem disfarçar uma urbanidade degradada, bisonha. Seria de esperar que, numa cálida noite de Primavera, se vissem pessoas na rua, disponíveis, com tempo. Que houvesse um "cheirinho" de civitas no ar. Mas não! Nos cafés, todos com os olhos pregados na TV. Imagino que assistindo a mais uma transmissão de futebol. Nas artérias principais, três pessoas a falar ao telemóvel, dois casais com ar de forasteiros e um polícia a torcer o bigode. And that's all, folks. Duas notas finais. Dei conta da existência de uma lavandaria self service, uma novidade absoluta... Por outro lado, na Praça Velha, deparei com várias filas de estudantes do IPG, munidos de um papel. Pareciam as filas para o check in no aeroporto de Lutton, em Londres. Ou uma flash mob de circunstância. Todavia, imaginei que não passasse de mais uma praxe ou coisa que o valha. Segui caminho, para não me desapontar...
Bem observado. A apagada e vil tristeza...
ResponderEliminar