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segunda-feira, 25 de maio de 2009

O fim de um tempo


A indústria discográfica, apavorada com as quebras de vendas na ordem dos 40%, deu corda à imaginação para acabar com aquilo a que chama "pirataria de ficheiros" na internet, ou "trocas ilegais" de músicas. Ou seja, partilha livre de temas musicais, sem necessidade de dispender 20 euros por um CD, cujo PVP é 1000% superior ao seu custo de produção. Pois é isso e só isso que está em causa. Ou alguém acredita que os paladinos "anti-pirataria" estão preocupados com os direitos autorais dos músicos, um valor perfeitamente residual? Tozé Brito, o pau mandado oficial (a que alguns chamam lobista, uma realidade ainda sem expressão institucional no nosso país) das multinacionais da indústria, vem agora mandar mais uma acha para a fogueira. Segundo esta luminária, os ISPs deveriam cortar imediatamente o fornecimento de sinal aos clientes com IPs onde fossem detectados fluxos de ficheiros ilegais. Ou seja, para o Tózé não há problema algum em os fornecedores de internet andarem a vasculhar aquilo que os cidadãos seus clientes andam a consumir na web! Bah, simples detalhes! Mas se o "big brother" dá conta de um "traficozito", toca a bloquear o acesso, "képáprenderes". Claro que a produção e disponibilização de ficheiros contendo obras protegidas, com fins comerciais, constitui acto ilícito. Mas já não a partilha de bens culturais sem intuito lucrativo. Se uma medida deste tipo fosse implementada, a violação de correspondência deixaria de ser crime, uma vez que os ISPs teriam carta branca para espiolhar os consumos dos seus clientes, os seus hábitos, o tipo de procura, os conteúdos descarregados, etc. Pelos vistos, a imaginação deste sector, penalizado com uma natural baixa da procura, já atingiu dimensões para lá de qualquer razoabilidade.

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