Sobre a Dra. Laura Santos, psicóloga-filósofa da Eutanásia
A verdadeira voz da Democracia aí está. Os artigos de jornais, os dichotes, as manobras velozes, o aparente brilho da palavra quando a memória é curta e ela é curta sobretudo quando a submetem sempre a novidades, de difícil comprovação. Umas riscas regulares no fundo do Oceano e o título do jornal fala na descoberta da Atlântida. A presença das componentes da água em Marte e há oceanos subterrâneos no planeta vermelho. O sorriso de um homem só, na direcção de uma criança, na rua, e temos um pedófilo. O jornal assenta a sua verdade no direito à liberdade de expressão, mas também nas tiragens.
A voz da Democracia é como um ronco do Inferno que chove sob a forma de artigos de jornal, de posts, de vídeos, desenhados a preto e branco, ou a cores sumárias, sempre e sempre encadeando-nos com uma força hipnótica. E o fluxo desta avalancha, de novo é defendido de modo ameaçador pelos guardas da Democracia. Ai de quem a desafie!
Uma rapariga bonita e adulta declara-se virgem e o seu nome é arrastado pela ribalta como um marciano. Mas um guerreiro é considerado santo e o que discutem dele é quem é seu descendente, ou da sua armadura, não o seu hábito esfarrapado de monge.
A voz da Democracia é medonha, como o monstrengo que está no fim do mar. A ameaça paira no ar, as lâminas dos guardas da Democracia cortam como guilhotinas e a multidão, mais medonha que a própria Democracia, guarda as costas a estes guardas.
A democracia inaugura e paga o debate sobre os que defendem a Eutanásia, ou o Aborto. Em ambos os casos, não estão os de piedade e excepção que são todos atendíveis. O que passa a estar em causa é a provisão e a programação da limpeza dos fetos de dentro da barriga da mãe ou a antecipação, por via duma assinatura ou duma gravação, se não mesmo duma impressão digital, daquilo que acontece inevitavelmente a toda a forma de vida mais ou menos íntegra. E, da provisão, passa-se para fazê-la uma função do Estado.
Ora se há esta possibilidade de a fazer uma função do Estado, por meio da publicação e de um lugar na opinião que se publica, constitui-se uma posição que passa a ser mais respeitada e guardada pelos esbirros da Democracia que o próprio direito a respirar. Nasce o adversário e nasce o «debate». Obriga-se a debater o judeu com o nazi, o negro com um membro da Ku Klux Klan, um violado com o violador, um minoritário com o bolchevique. E ai de quem não respeite o «debate» entre o mártir lançado às feras e os leões esfomeados da arena! A Lei, como dizia Victor Hugo, proíbe igualmente aos miseráveis e aos milionários de dormirem debaixo das pontes. Respeitinho!
A vida pode debater-se por existir em condições sempre adversas, nem que seja só pela inevitabilidade da morte e da dor. Uma vezes mais adversas e outras menos adversas. Mas ela tem que respeitar o adversário, diz-se, como não podia deixar de ser, porque, na realidade, o discurso mais popular, e constantemente popular, entre a Ditadura e a Democracia, foi sempre o do futebol. Atenção ao «adversário»... respeitinho, que sem ele não tínhamos a bola, a nossa querida bola, de tontos surdo-mudos em que nos tornámos!
Que tenhamos a coragem de não encarar um cão que nos salta ferozmente num caminho ermo, ou uma praga que invade a nossa horta, como um adversário mas sim como inimigo. Inimigo, sim!Nem tenhamos medo de ser chamados anarquistas, terroristas, fascistas, nacional-socialistas, comunistas, protestantes, católicos ou ateus se fizermos frente sem hesitações a este inimigo. O que nos chamam pouco interessa, pois quem usa a voz, não está a combater. E se a Morte vier, metamos de uma vez na cabeça, que ela virá sempre e nunca como adversário, nem como inimigo, mas apenas como fim.
André
É a primeira vez que por aqui passei gostei e vou voltar parabens ao escritor escreve muito bem e nesta democracia fachizante faz baem ler estes ecritos.
ResponderEliminarSe me quizerem visitar estou em!...
A VOZ DO GOULINHO
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