António Carmo (http://www.antoniocarmo.com.pt)
Exposição de pintura
Galeria do Paço da Cultura da Guarda
de 13 de Janeiro a 28 de Fevereiro
António Carmo (n. 1949), é um nome consagrado no panorama artístico nacional. Não tanto pela inovação artística, mas por uma originalidade estética mantida ao longo de 40 anos de carreira. A propósito, foi recentemente editada uma retrospectiva da sua obra, sob a chancela da Caminho, que inclui grande parte dos seus quadros, com fotos e alguns textos. Nesta mostra são expostos cerca de 40 trabalhos seus, incluindo dois desenhos. Como informação complementar, existem quatro expositores com recortes de jornais e dois com exemplares de catálogos de exposições do autor. Percebe-se, à primeira vista que a sua pintura tem um pendor decorativo. E a homogeneidade das suas propostas, se por um lado acentua a singularidade do seu universo poético poética recorrente, onde abundam as citações e as referências, pode também indiciar uma espécie de “produção em série”. Por outro lado, conhecendo-se os desenhos a tinta-da-china com que iniciou a sua obra, não é difícil desvendar um propósito ilustrativo que o veio a acompanhar até aos trabalhos mais recentes. Todavia, se esse objectivo faz todo o sentido nos desenhos, já não faz assim tanto nas pinturas a óleo que constituem o grosso da sua obra. Percorrendo-se a exposição, ganha consistência a ideia de que, pese embora o equilíbrio cromático e a semi-transparência das texturas assegurarem o tom inefável pretendido, o artista acabou por se tornar um repetidor de processos. Para o efeito recorrendo a técnicas pictóricas que, tendo dado frutos a partir de certa altura, acabam por se tornar automatismos que o artista tem sabido gerir com sucesso. Das obras exibidas, gostaria de destacar, na pintura, o díptico “Leitura” e Movimento”, “Movimento”, o tríptico “Destinos do Fado” I, II e III, “Memória”, bem como os dois únicos desenhos expostos. Nota negativa para alguns títulos que, à força de querer ser poéticos, se tornaram rebuscados e ainda por algumas citações pictóricas um pouco descontextualizadas, como a inclusão de um cão “de Velásquez” num dos quadros.
Publicado no jornal "O Interior", em 22 de Janeiro
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