As proclamações contra o neo-liberalismo (ninguém sabe ao certo o que isso seja) são um tanto perigosas. Quase tanto como o entusiasmo acrítico com a hegemonia dos fluxos financeiros globalizados pelo mundo inteiro. As convulsões do sistema assinalam o ponto onde ele deve ser melhorado e não posto em causa no seu todo. Transformar os "neoliberais" nos novos sacos de boxe revela uma grande imprudência. Uma vez que a promiscuidade e a condescendência da maior parte das autoridades nacionais e internacionais para com o o mundo financeiro e especulativo não permite indignações de encomenda, nem falsas surpresas. Se a célebre taxa Tobin já tivesse sido implementada, o comportamento dos agentes financeiros teria sido muito mais prudente. Por outro lado, é bom lembrar o case study chinês: um sistema onde coexiste uma economia de mercado atípica, porque sem regras de espécie alguma e oligárquica, com uma ditadura de partido único. A irracionalidade do sistema pode fazer aumentar vertiginosamente o PIB, mas causa desigualdades enormes e legiões de trabalhadores em regime de quase escravidão. Os que sofregamente agora descobriram os "judeus mais a jeito para bode expiatório", isto é, os neoliberais, deveriam pensar em qual o sistema económico que mais riqueza, bem estar e desenvolvimento, apesar de tudo, criou na história da humanidade. Ah, já sei, foram os planos quinquenais estalinistas!
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