A cultura oficial tem pouco ou nada a ver com a verdadeira actividade do espírito. Aquela que não busca o aplauso imediato, nem a entronização senatorial, nem a troca de favores, nem os ofícios de comissários da cultura, ocupados em promover abencerragens de museu e satisfazer quem lhes paga. A amplitude e a generosidade da autêntica criação artística não se compadecem com expedientes veniais. O que não significa que prescindam deles. Bem pelo contrário. Existe uma confluência formal que serve uns e outros. Rodas que se tocam na mesma engrenagem, que empurram um labor comum, mas que não se relacionam para além da necessidade imediata. A verdadeira arte existe para corromper. Neste domínio, tornar-se corruptível é uma contradição nos termos. Todavia, os agentes corruptores, chamemos-lhe assim, raramente aparecem com a notinha na mão, o subsidiozinho aprovado, a referenciazinha à obrazinha no pasquinzinho, a promessazinha do lugarzinho xisbicodabota. A coisa faz-se pela visibilidade de empréstimo, o pequeno poder provinciano, o círculo territorial que ignora, entre dois arrotos e três palmadinhas nas costas, o que está à volta e realmente mexe. Note-se que, quando falo em círculo, refiro-me a reunião de interesses convergentes. Não a movimentos artísticos com forte cumplicidade pessoal e estética. Onde o silêncio é a norma e o compromisso a excepção útil.
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ResponderEliminarEsses, os que detêm o poder neste domínio, são os novos senhores da guerra. Mas esquecem-se que estão a negociar no interior de um barril de pólvora...
ResponderEliminarboa malha!
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