Na semana passada, desloquei-me a Cascais, onde "aluguei" uma das biCas do programa municipal com o mesmo nome. Destinado à utilização gratuita de bicicletas, mediante identificação. O objectivo era percorrer a pista recentemente construída ao longo da costa, até ao Guincho. Após uma breve incursão na "Boca do Inferno", tentando ignorar o pesadelo das barracas de quinquilharia, nova paragem num local bem mais acolhedor: a "Casa da Guia"., logo antes do farol com o mesmo nome. Trata-se de um espaço comercial e de restauração, com óptimas esplanadas junto à arriba, em volta de uma mansão em estilo revivalista, recém-restaurada. O conjunto goza de uma disposição bastante agradável. Aconteceu então. Cá fora, à entrada de um alfarrabista, logo no cimo de uma pilha de livros a preços convidativos, deparo-me com um exemplar da edição na imagem. Trata-se de "Tempo de Solidão", um conto de Manuel da Fonseca, com desenhos de... Maria da Luz Lino (Estúdios Cor, 1969)*. Nem queria acreditar no que estava a ver! Em parte porque desconhecia esta colaboração da Maria Lino. De cuja obra, lembro, vai ser inaugurada uma exposição no TMG, no próximo dia 13. Mas também porque, no dia anterior, tinha visitado o belíssimo centro histórico de Santiago do Cacém, terra natal do autor de "O Fogo e as Cinzas". E onde se inspirou para alguns dos seus melhores contos. Ocorreu-me que os livros podem refazer qualquer lógica, ligar o impensável. Não só porque os podemos ler, mas sobretudo porque nos encontram. A procurá-los.
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