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segunda-feira, 15 de setembro de 2008

O regresso do emplastro

Este homem continua com actividade declarada nas finanças como político no activo. Deveria haver, em certos casos, um encerramento compulsivo aplicado a certos contribuintes em situação de relaxe. A ambiguidade semântica do termo é notável. O que permite, neste caso, equiparar a ausência de animus solvendi a um impertinente animus nocendi. Ou seja, a flagrante intenção de não pagar, de não assumir responsabilidades, seguindo o seu curso, aparecendo engalanada com propósitos punitivos, retaliadores. O homem tem mau carácter. Ponto. Tem a subtileza de um elefante numa loja de porcelanas. Na diplomacia ficou-se pela canhoeira. No fair play ficou-se pela magnanimidade de um hooligan. O homem tem também pesadelos frequentes. O mais possante é o do pavor de ser apagado da história. Aqui em algoritmo sequencial. O homem é do pior que já houve na vida pública em Portugal. Retirar-lhe o microfone é uma condição de elementar salubridade. Depois da queda, esperou sempre por uma vaga de fundo. Que nunca existiu. Com excepção de alguns amigos do peito, clones e clientelas autarquicas. Ao fim ao cabo, o seu habitat natural. De resto, no PSD a memória é mais curta do que é habitual. E mais implacável. O que significa que nunca haverá graça para quem caiu em desgraça. Este homem poderia até fazer germinar alguma dignidade, reduzindo-se ao limbo da sua insignificância. Mas o low profile e a ausência de números circenses da sua sucessora exasperam-no, para além de qualquer descrição. A juntar, a inglória queda da ribalta só amplificou, desmesuradamente e sem a mediação dos spin doctors, a verdade da sua natureza. É triste. Mas verdadeiro. Os plumitivos agradecem.

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