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segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Os conjurados

Sobre os ex-amigos está tudo praticamente dito nesta felicíssima crónica do Pedro Mexia. Li-a em plena praia do Tonel, perto da Zambujeira. Acompanhado de algumas gaivotas, dois ou três irredutíveis e um velhote que andava por ali a apanhar polvos. Na verdade, um ex-amigo é entendido, por quem o perdeu, como um falhanço ontológico. Ou seja, utilizando o jargão psicanalítico, uma ferida narcísica. Daí o embaraço em falar no assunto.
Também existe o outro lado, tal como hoje experimentei. Receber a visita inesperada e breve de um amigo. Daqueles que, se algum dia vierem a ser ex, a coisa poderá tornar-se realmente trágica. A melhor descrição que me ocorre para esse instante é, à falta de melhor, o momento "Jef". Jef é o título de uma conhecida canção de Jacques Brel, que fala precisamente do reencontro de dois amigos e do seu extraordinário diálogo. Este mais encorajador. O nosso mais tranquilo. Durou o que teve que durar. Creio que se pode falar do episódio, ou de outros análogos, como de um momento em que o tempo é recriado enquanto ilusão. E servido em fatias que saciam toda a fome. O instante criogénico. Onde parece reconhecer-se, em conjunto, um lugar para tudo o que acabou. Ou que ainda vai começar. A conjura metafísica. Sem rei nem roque.

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