Durante o fim-de-semana pela capital, não desgrudei da Praça das Flores. O objectivo era apanhar o bloquista-caviar Daniel Oliveira com a boca na botija, numa das duas esplanadas existentes no local. E porquê, perguntareis vós? Muito simples: esperava vê-lo a consultar as obras escolhidas de Trotski, na mesa do canto, com ar sisudo, ou a doutrinar as massas para o assalto a um comboio, de pé em cima de uma mesa, com os olhos e as armas apontadas aos malditos Brancos, ou de joelhos, a recitar um mantra expiatório e beijar a mão ao patusco Zé, o famoso Robin "Zé" Wood, nom de guerre de Sá Fernandes, o tal que se tem dado muito bem no poder (atenção antropólogos, case study na mira!), num arroubo sentimental retirado de um drama russo de novecentos, ou a dar cabeçadas na parede enquanto gritava "eu hei-de às fuças ao Bush", intervalado por "força, Bin, vai-te a eles!", ou a andar para cima e para baixo, à maneira de Rilhafoles, preparando mentalmente as palavras de ordem a debitar na próxima emissão de "O Eixo do Mal", em prol da pintilhésima causa fracturante, fazendo-se de sonso, o gajo, incapaz de entender o mundo em que vive, ou simplesmente um só dos personagens-chave dos romances de Cossery, os tais que que só querem a paz, rir da realidade que nos impingem, que não lutam contra, mas escarnecem, o gajo, que afinal não estava lá. Provavelmente, foi liquefazer-se numa praia. Porra, já nem há esquerdalhos como antigamente.
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