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domingo, 11 de maio de 2008

O novo arquipélago gulag

O PCP é uma das únicas excrescências fúngicas do século XIX que sobreviveram no hemisfério ocidental. Representa, de forma excelsa, o mundo das trevas, do ressabiamento, da demência ciclotímica, da demagogia mais descarada. Para sobreviver além da ala geriátrica da História, não hesita em capitalizar "descontentamentos", alguns legítimos outros nem por isso. Dizem representar os trabalhadores, essa "vanguarda" convertida ao euromilhões, mas nunca os vi denunciar a ausência de sindicatos na China, o actual "farol" do socialismo. São os vendedores de time sharing da espontânea indignação e criação de movimentos sociais por parte dos cidadãos. O modelo económico e social por que uivam na rua e no Parlamento é o de uma nação totalmente assistencializada pelo Estado, só com "direitos", o "emprego para toda a vida" como norma, despedimentos só no caso de desvio à ortodoxia estalinista, os sacrossantos direitos dos trabalhadores repetidos na missa todos os domingos, um delírio burocrático e irresponsável, a regressão a um mundo arcaico, uma nova Albânia, um regabofe pago não se sabe por quem, pois para os comunistas isso é o que menos interessa.
Depois da revolta dos professores, faltava algo na "agenda de luta" dessa choldra. Pois bem, eureka, a reforma do Código de Trabalho veio resolver a aflição. Acolitados pela esquerda-caviar do BE, criaram uma moção de censura, destinada exclusivamente ao show off. Forças que representam 12% do eleitorado pretendem subverter a vontade da esmagadora maioria dos portugueses, em nome de ícones e fanfasmas. Talvez seja por isso que tanto abominam a "democracia burguesa". A vontade do povo só atrapalha.
O que nos traz este projecto de reforma do C.T.? Muita sensatez, mexendo nalguns tabus para aqueles que só defendem o emprego dos apaniguados e não a criação de emprego efectivo. Por outro lado, combate-se a precaridade dos vínculos laborais, mediante uma penalização da taxa contributiva para quem recorre aos (falsos) recibos verdes e incentivos fiscais à contratação efectiva. Não vou aqui analisar ponto por ponto a proposta do Governo. Quero no entanto acrescentar mais uma razão que acentua a risibilidade desta onda de contestação promovida pelo PCP. Quando estive um ano no sector informativo de uma delegação da Inspecção Geral do Trabalho, a atitude recorrente dos trabalhadores que acorriam aos serviços era simplesmente "fazer contas". Qualquer esclarecimento suplementar sobre outras possibilidades de actuação ou de consciencialização da sua cidadania, qualquer resultado não expresso numa máquina de calcular, caíam em saco roto. Será que são estes trabalhadores que o PCP e o BE dizem defender? Por outro lado, assisti a situações caricatas em que os próprios sindicatos induzem em erro os seus próprios associados, informando-os, em caso de litígio, dos níveis salariais do CCT para o sector onde eles fossem mais elevados e não, como seria normal, daquele que era efectivamente aplicável no caso concreto.

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