Para quem não sabe, o partido ecologista "Os Verdes" é uma força política com representação parlamentar assegurada e vitalícia, de há 25 anos para cá. Uma vez que "concorrem", invariavelmente, em "coligação" com o PCP, dando origem a essa extraordinária construção, decalcada do frentismo dos anos 30, chamada CDU. Nasceu numa época em que os verdes (os verdadeiros) começavam a dar cartas em todo o Ocidente, sobretudo em França, Itália e Alemanha. Quando os temas ambientais tinham finalmente uma audiência considerável. De tal forma que as agendas políticas nacionais e os fóruns de discussão internacionais não podiam ignorá-las. Na Alemanha, os sociais-democratas foram mesmo obrigados a uma coligação com os Verdes. Por cá, as luminárias comunistas perceberam que havia um "mercado" novo, uma bolsa de contestação "interessante" na luta contra o seu inimigo principal: a democracia "burguesa" e os EUA. Numa altura em que a escalada nuclear decorrente da guerra fria atingiu na Europa o seu ponto mais alto. Todavia, para os comunistas, os SS 20 soviéticos colocados nos países do pacto de Varsóvia eram inofensivos, sendo a sua deflagração considerada "fogo amigo". O único e verdadeiro Mal estava nos Pershing II que Reagan e a Nato chegaram a instalar na ex RFA. No fundo, os amigos russos só queriam proteger-nos do papão americano. Cheguei a ver, numa manifestação organizada "a favor da paz", na Avenida da Liberdade, em Lisboa, elementos do PCP a destruírem faixas que colocavam ambos os mísseis no mesmo plano de destruição. Neste contexto, seria bem vindo um capacho "ecologista", destinado a fidelizar algum eleitorado sensível às questões ambientais e açambarcar um tema que é infinitamente complexo e transversal. Para assim o colocar ao serviço de uma simples estratégia de sobrevivência partidária. Foi então aí que o monstro pariu um monstrinho: simpático, indy, a tal melancia que todos conhecem. O qual, de vez em quando, numa espécie de prova de vida, faz voz grossa e lança uma achas para a fogueira pública. Como que a dizer, nós também existimos, estamos ainda por cá! E de invisíveis passam a translúcidos. Com vantagem para o anedotário nacional e para a confirmação da risibilidade do seu "programa". Agora vieram com uma campanha contra os EUA, por estes não terem ainda ratificado o protocolo de Quioto. Lançaram mesmo uma "acção de protesto", dirigida aos "estudantes", para que estes inundem de postais a caixa de correio de Bush. Em vez de Antrax, contendo um protesto veemente, redigido pelos dirigentes verdes num gabinete secreto da Soeiro Pereira Gomes. Esquecem-se, no entanto, do nome do segundo maior consumidor mundial de energias fósseis: a China. Exactamente. A super-potência emergente, que mal ouve falar nos acordos de Quioto comporta-se como o diabo diante da cruz. E cujo crescimento económico se faz à custa de uma verdadeira catástrofe ambiental. Numa altura em que a pressão da comunidade internacional está a colocar o regime chinês num aperto considerável, nada melhor do ques estas bombinhas de fumo. A nova "pátria do socialismo" (já que é a única que resta) agradece o gesto a Jerónimo y sus muchachos.