Por muitas razões que os professores possam ter nas suas acções de protesto, Eduardo Pitta não deixa de ter uma certa razão, quando escreve que "50 mil manifestantes terão abdicado de pensar pela sua cabeça". Só uma leitura superficial veria nesta asserção um ataque à justeza das aspirações, ou às qualidades intrínsecas e à dignidade dos docentes. O que se passa é que muitos, sem o saber, delegaram o seu protesto numa estrutura que recebe ordens directamente do Comité Central do PCP: a FENPROF. Ou alguém tem dúvidas acerca de quem manobra nos bastidores, de quem interpreta as reivindicações corporativas de modo a integrá-las na sua agenda política? Ou alguém acha que Mário Nogueira anda a dormir em serviço? Portanto, esta onda de protesto só teria alguma credibilidade na medida em que se demarcasse, politica e programaticamente, do PCP e dos sindicatos que este controla.