Ontem, na Antena 1, emissão regional de Coimbra, foi entrevistado um Professor daquela Universidade, creio que geógrafo. A tese trazida pelo académico era, basicamente, a refutação da existência de qualquer fenómeno de aquecimento global, devido a causas não naturais. Segundo ele, as estatísticas demonstram que as condições climáticas sofrem alterações cíclicas e relativamente duradouras; que o eixo da Terra não é fixo; que os vikings povoaram a Gronelândia numa altura em que havia ali um clima temperado, após o que tiveram de abandonar o território, devido à chegada de um período de glaciação; que o nível do mar subiu somente 25 cm no último século; que há notícia de as calotes terem derretido em épocas geológicas distantes; que o aquecimento se centra nas cidades, etc. Segundo o eminente professor, podemos estar pois tranquilos. E as imagens dos ursos polares a afogarem-se por falta de gelo, o avanço dramático do mar em certos pontos da costa e os níveis alarmantes de CO 2 na atmosfera? Bah, tudo não passa, segundo ele, de um fait divers de ignorantes para entreter outros ignorantes. Porque o arauto da verdade, de toda a verdade, é ele, a sumidade coimbrã, com aqueles típicos tiques escolásticos que ditam a genuflexão e ordenam a reverência da populaça. Confesso que esta postura, se fica bem no imaginário e na tradição, é irreconciliável com a ciência. Adiante. Sobre esta polémica, gostaria de dizer o seguinte. Não sou cientista nem possuo informações que permitam uma posição consistente. Mas sou por natureza um duvidador metódico. Sei que a existência do aquecimento global não é consensual na comunidade científica. Trata-se de uma hipótese séria e perfilhada, com várias nuances, pela generalidade dos cientistas. Não é ainda uma certeza, mas anda lá perto. Curiosamente, segundo li no Courrier International, praticamente todos os investigadores paladinos do negacionismo são financiados pelas multinacionais a quem o negócio já começou a "correr mal". Precisamente por causa destas "insignificâncias" lançadas pelos ecologistas. Perceberam, ou é preciso fazer um desenho?