Provavelmente, nunca mais voltarei a bater nesta tecla. Mas a rejeição estética que o PCP me provoca vai muito além da mera opinião ou do posicionamento político. Ontem, estava tranquilamente a ver um bloco noticioso na SIC N e deparo com uma manif informal do PCP. Ou seja, uma decoração preparada para o seu secretário-geral brilhar no prime time. Fixei-me sobretudo no cenário e na pose. Jerónimo parecia um boneco articulado, destilando ressentimento por todos os poros. A pose e a linguagem gestual convulsiva eram exactamente as mesmas de um inflamado pastor evangélico, diante da sua assembleia. Que a espaços se aproximava mesmo de um arteriosclerótico e, no limite, do estertor de um zombie, exactamente como nos filmes. A coisa metia medo. A alucinação devia-se ao embalo proporcionado pela recente contestação de rua, que aquela força política já começou a contabilizar a seu favor, inflacionando-a até à demência. Pergunto: o que pode levar estas pessoas a culpar tudo à sua volta, sem sequer lhes passar pela cabeça que elas também são responsáveis? Esta gente padece de uma disfunção social básica que nunca irá admitir. Dizem subestimar a individualidade, mas é no pathos manifestado por cada um que se encontra a resposta para tanto ódio. Os comunistas são incapazes de integrar com normalidade uma sociedade plural, onde o bem comum é uma tarefa partilhada e sujeita a correcções permanentes. As bizarras manifestações de paroxismo que exibem são a imagem perfeita não só da sua falência ideológica, mas sobretudo humana.