A escrita é a minha primeira morada de silêncio
a segunda irrompe do corpo movendo-se por trás
das palavras
extensas praias vazias onde o mar nunca chegou
deserto onde os dedos murmuram o último crime
escrever-te continuamente... areia e mais areia
construindo no sangue altíssimas paredes de nada
esta paixão pelos objectos que guardaste
esta pele-memória exalando não sei que desastre
a língua de limos
outros corpos de salsugem atravessam o silêncio
desta morada erguida na precária saliva do
crepúsculo
Al Berto