Reflexões, notas, impressões, apontamentos, comentários, indicações, desabafos, interrogações, controvérsias, flatulências, curiosidades, citações, viagens, memórias, notícias, perdições, esboços, experimentações, pesquisas, excitações, silêncios.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

O vozeador azul

Alguém disse um dia que pior do que mudar de ideias é não ter ideias para mudar. De acordo. Até diria mais: por vezes, é mesmo necessário mudar de ideias, de modo a fortalecer as convicções. É óbvio que isto nada tem a ver com questões tácticas ou com alterações de circunstância. Advem, isso sim, do livre-arbítrio, do querer submeter-se à prova incontornável dos factos. É sobretudo um exercício de humildade e de bom-humor. Tudo isto, a propósito de quê? Em tempos, o senhor da fotografia teve em mim um fervoroso adepto das suas crónicas políticas, lúcidas e desassombradas. E da sua postura politicamente incorrecta. Dos livros, gostei de ler o "Sul" - talvez o melhor exemplo de literatura de viagens que se publicou nos últimos tempos em Portugal - e, um bocadinho menos, o "Equador". O "Rio das Flores" ainda não li. Sejamos claros: este senhor tem toda a legitimidade para ter a sua paixão clubista, incluindo defendê-la publicamente em termos críticos. Mesmo que isso envolva algumas opiniões de que não se goste, como é o caso. O que não permite, de todo, é o uso e abuso de uma linguagem xenófoba, facciosa e eivada de falsidades, quando fala dos seus rivais. A sua última crónica no jornal "A Bola" (link para assinantes) é disso exemplo. Onde soma alarvidades e comparações inadmissíveis sobre lances polémicos do futebol. Não é que esse seja um tema de que aqui se fale muito. No entanto, em questões relativas a deformações de carácter e desonestidade intelectual, o meio em que se revelam é-me indiferente. Enquanto figura pública credível, este senhor morreu para mim. Paz à sua alma.