O Metro de Londres acaba de proibir a afixação de cartazes publicitando uma exposição de Lucas Cranach, o Velho, pintor da renascença alemã, na Royal Academy of Arts. Isto porque o "corpo do delito" continha a reprodução do seu célebre quadro "Vénus", (1530). "Devemos ter em conta os milhões de viajantes diários do metro e procurar não ofender ninguém", adiantam os responsáveis, justificando a proibição. O regresso da época vitoriana? Não, é muito pior. Trata-se de não ferir a susceptibilidade daqueles que, à primeira oportunidade, não hesitam em lançar bombas e o terror, em nome da sua paranóia fundamentalista. O episódio vem na mesma linha do recuo da Ópera de Berlim, aquando da estreia do "Idomeneo", de Mozart. É o multiculturalismo na sua face mais sinistra. O tal relativismo atrás do qual a esquerda politicamente correcta cerra fileiras. É o triunfo do medo e da barbárie, que meia dúzia de fanáticos querem impôr na pátria da liberdade. Aquilo precisamente que os jihadistas odeiam e nunca hão-de compreender. E cada recuo da firmeza é um ponto a mais a favor deles.