Num comentário deixado no "Guarda Nocturna", alguém me pede para visitar um blogue apologista da regionalização e deixar por lá uma opinião. Pondo-me à frente a esfuziante projecção de que a Guarda seria natural beneficiária de tal processo, podendo reivindicar o seu estatuto de "verdadeira" capital da "Beira Interior". Confesso que já não tenho qualquer benevolência com estas golpadas. Portugal é um país relativamente homogéneo, na sua fantástica diversidade. Dispensa bem estes delírios virtuais de gente com muito a ganhar por trás. Com interesses tenebrosos, sejam eles puramente expansionistas, económicos, laborais, de afirmação política, and so on. Por outro lado, nestes processos há sempre vencedores e vencidos, há sempre alguém cujo benefício foi feito à custa de outrem. O natural é que as regiões mais fortes cresçam ainda mais à custa das mais fracas. Aliás, no tal blogue descobri a pérola da ilustração em cima. Note-se como o litoral e o interior ficam de costas voltadas. Como se esquece a demografia, a geografia, as culturas e tradições, o equilíbrio, o hinterland natural de cada área, a estratégia de desenvolvimento do país como um todo. Dá para ver até onde chega a insanidade desta gente, que prescindiu da seriedade onde ela é precisa e se porta como se estivesse num jogo de computador. E que confunde o whisfull thinking com a realidade.
No referendo sobre a regionalização, em 1999, fiz campanha contra. Como se lembram, o retalho a granel na Nação proposto por meia dúzia de luminárias foi inequivocamente chumbado, uma vez que o eleitorado sabiamente rejeitou a abencerragem que lhe foi apresentada. Ora, as razões dessa posição mantêm-se: quer económica, quer política, quer administrativamente, a criação de regiões nada resolve no nosso país. Só serviria para criar mais uma estrutura burocrática intermédia que desse emprego ao pessoal político sem ele. Se nas autarquias abundam os caciques, com as regiões teríamos mega-caciques, tipo Jardim, Loureiro e afins. De resto, não é por nada que os grandes defensores da regionalização estão no Porto, onde não descolam do costumeiro discurso bairrista e provinciano. Essa guerra Lisboa-Porto é uma luta de galos que o resto do país se habituou a olhar com desdém. A solução para a macrocefalia e o distanciamento dos órgãos decisores em relação à realidade está na desconcentração e não na descentralização. Um bom Manual de Direito Administrativo explica estes dois conceitos. Aceitaria de bom grado um figurino de 5 regiões, correspondendo às actuais CCRs, como parece estar neste momento em discussão. Por outro lado, isso da "Beira Interior" é um mito criado para servir os intuitos expansionistas de interesses económicos e políticos ligados à Covilhã e alimentado por alguma comunicação social local, como se sabe.
No referendo sobre a regionalização, em 1999, fiz campanha contra. Como se lembram, o retalho a granel na Nação proposto por meia dúzia de luminárias foi inequivocamente chumbado, uma vez que o eleitorado sabiamente rejeitou a abencerragem que lhe foi apresentada. Ora, as razões dessa posição mantêm-se: quer económica, quer política, quer administrativamente, a criação de regiões nada resolve no nosso país. Só serviria para criar mais uma estrutura burocrática intermédia que desse emprego ao pessoal político sem ele. Se nas autarquias abundam os caciques, com as regiões teríamos mega-caciques, tipo Jardim, Loureiro e afins. De resto, não é por nada que os grandes defensores da regionalização estão no Porto, onde não descolam do costumeiro discurso bairrista e provinciano. Essa guerra Lisboa-Porto é uma luta de galos que o resto do país se habituou a olhar com desdém. A solução para a macrocefalia e o distanciamento dos órgãos decisores em relação à realidade está na desconcentração e não na descentralização. Um bom Manual de Direito Administrativo explica estes dois conceitos. Aceitaria de bom grado um figurino de 5 regiões, correspondendo às actuais CCRs, como parece estar neste momento em discussão. Por outro lado, isso da "Beira Interior" é um mito criado para servir os intuitos expansionistas de interesses económicos e políticos ligados à Covilhã e alimentado por alguma comunicação social local, como se sabe.
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