Rui Ramos comenta hoje no "Público" um livro de Luís Filipe Menezes. Como já se notou, o actual líder do PSD é um dos bombos da festa predilectos neste blogue. Escreve o historiador e cronista:
«Não sei se fazemos um grande favor aos políticos quando lemos os seus livros. Experiências recentes fazem-me pensar que não. E Coragem de Mudar, que Luís Filipe Menezes fez sair durante a sua marcha para a liderança do PSD, confirmou a impressão. Li-o só agora. E, sem recomendar a leitura, sempre direi que talvez tivesse poupado alguns erros de previsão acerca da liderança do autor. O livro de Menezes inclui uma entrevista especialmente reveladora acerca da sua pessoa. Não me refiro à pessoa privada, que não nos deve interessar, mas à sua pessoa pública, ou mais exactamente: à imagem que ele gostaria de dar de si próprio. Eis o que descobrimos: “Sou capaz de fazer dois mil quilómetros num fim-de-semana para ver uma exposição.” Ou isto: “Cosmopolitismo, para mim, é navegar ao luar nas Marquesas, é entrar no Triângulo Dourado e acampar no Norte do Camboja”. Não temos aqui alguém a expor-se aos seus semelhantes, segundo o método radical de Rousseau, mas uma pessoa desesperada para ser aceite. Ou, nas suas palavras, “amado”. É uma carta de amor, e, como tal, ridícula. O destinatário somos todos nós. E parece que Menezes imaginou, como qualquer rapaz de 15 anos, que nós, como qualquer rapariga de 15 anos, nos deixaríamos comover por devaneios de Indiana Jones, fúrias cinéfilas e vestígios de leitura. (ler mais)
«Não sei se fazemos um grande favor aos políticos quando lemos os seus livros. Experiências recentes fazem-me pensar que não. E Coragem de Mudar, que Luís Filipe Menezes fez sair durante a sua marcha para a liderança do PSD, confirmou a impressão. Li-o só agora. E, sem recomendar a leitura, sempre direi que talvez tivesse poupado alguns erros de previsão acerca da liderança do autor. O livro de Menezes inclui uma entrevista especialmente reveladora acerca da sua pessoa. Não me refiro à pessoa privada, que não nos deve interessar, mas à sua pessoa pública, ou mais exactamente: à imagem que ele gostaria de dar de si próprio. Eis o que descobrimos: “Sou capaz de fazer dois mil quilómetros num fim-de-semana para ver uma exposição.” Ou isto: “Cosmopolitismo, para mim, é navegar ao luar nas Marquesas, é entrar no Triângulo Dourado e acampar no Norte do Camboja”. Não temos aqui alguém a expor-se aos seus semelhantes, segundo o método radical de Rousseau, mas uma pessoa desesperada para ser aceite. Ou, nas suas palavras, “amado”. É uma carta de amor, e, como tal, ridícula. O destinatário somos todos nós. E parece que Menezes imaginou, como qualquer rapaz de 15 anos, que nós, como qualquer rapariga de 15 anos, nos deixaríamos comover por devaneios de Indiana Jones, fúrias cinéfilas e vestígios de leitura. (ler mais)
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