O Dr. James Watson foi Nobel da Medicina em 1962, graças ao seu contributo para a descoberta da estrutura molecular do ADN. O Museu da Ciência de Londres acaba de cancelar uma palestra do cientista, prevista para sexta-feira, na qual iria apresentar o seu mais recente livro. Em causa estão as declarações de Watson, quando afirmou que, do ponto de vista genético, "os negros são menos inteligentes do que os brancos", entre outros comentários. O Museu considerou que, desta vez, o laureado "foi longe demais", aludindo às suas afirmações polémicas anteriores. As restantes conferências previstas no Reino Unido mantem-se agendadas e, ao que parece, esgotadas. As reacções aquelas declarações naturalmente não se fizeram esperar nos foruns de discussão internacionais. Cabe aqui questionar a decisão do Museu. Ora, Watson disse o que disse por simples preconceito ideológico, como tudo indica. Mas nada impede que, como cidadão, tenha direito a emitir as suas opiniões, por muito controversas e repugnantes que se afigurem. Sobretudo quando abalam o quadro politicamente correcto que tomou conta dos meios académicos e jornalísticos no Ocidente. Mas desde que delas sejam excluídas a leviandade e o disparate. Especialmente em relação a temas que a ciência não cessa de desmentir e sobre os quais existe um consenso à escala universal. Neste caso, não existindo qualquer validação científica que as sustente, nem o próprio se propõe apresentá-la, deveriam os seus créditos como homem da ciência ser consideravelmente restringidos. Uma vez que é o desempenho ético do cientista que está em causa. De qualquer modo, o debate é estranho à ciência e, nesse caso, os palcos mediáticos deveriam ser outros que não um... Museu da Ciência. O próprio Watson reconheceu o erro, quando declarou, a posteriori, que não existem bases científicas para as suas afirmações.
ADENDA: sobre este tema, recomendo um excelente comentário de Desidério Murcho no "De Rerum Natura".
ADENDA: sobre este tema, recomendo um excelente comentário de Desidério Murcho no "De Rerum Natura".
No fundo, ele aproveitou-se da notoriedade como cientista para comentar de forma controversa.
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