A propósito das praxes académicas, vale a pena ler um comentário de Tiago Mendes a um texto de João Luís Pinto, o qual coincide, grosso modo, com o que penso sobre o assunto. É óbvio que existe uma desproporção, de facto, entre quem comete as conhecidas sevícias e o neófito a quem são infligidas. Descobrir uma pretensa igualdade entre as partes é uma ficção, mais apropriada à ordem jurídica do séc. XIX, mas perfeitamente desadequada nos dias que correm. Relativamente à natureza das praxes, prima pela seu carácter controverso. Durante a minha passagem pela Universidade, bati-me sempre, nos lugares próprios, para que a praxe fosse encarada como um instrumento de crescimento e de integração e não um simples exercício de autoridade pífia, um hino à imaginação e não um nicho tolerado para a prática da humilhação. E que dela fosse banida qualquer violência, real ou figurada. Infelizmente, pelos relatos que chegam, parece ter triunfado a segunda versão. Se quem a ela se submete o faz de livre vontade, antecipando a humilhação que vai inflingir no ano seguinte, é uma decisão que só ao próprio diz respeito. Mas quem não quer, saiba dizer não. Sem medo.
O que é engraçado é ver a atitude permissiva dos órgãos directivos das escolas. Como quem diz: "vá lá, brinquem um bocadinho que depois a gente brinca convosco"...
ResponderEliminarAbsolutamente. Essa atitude v~e-se depois na forma inacreditável como depois punem os alunos que apresentam queixa e protegem os selvagens que cometem as agressões. Tudo para não manchar o "bom nome" da capelinha. Viu-se isso no caso do Piaget.
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