Reflexões, notas, impressões, apontamentos, comentários, indicações, desabafos, interrogações, controvérsias, flatulências, curiosidades, citações, viagens, memórias, notícias, perdições, esboços, experimentações, pesquisas, excitações, silêncios.

domingo, 17 de junho de 2007

Vale mais tarde do que nunca

Antes gostávamos de dizer que a direita era estúpida, mas hoje em dia não conheço nada mais estúpido que a esquerda

José Saramago, numa conferência em Santilhana del Mar, norte de Espanha.

Todavia, o autor de "Levantado do Chão" não deixa de sucumbir perante o milenarismo neo-realista: "Estamos a chegar ao fim de uma civilização e aproximam-se tempos de obscuridade, o fascismo pode regressar; já não há muito tempo para mudar o mundo". Pelos vistos, o fim da modernidade (isto é, do entendimento da história como uma unidade) e da guerra fria ainda não foram digeridos pelo nobelizado. Mas é com gosto que se registam os seus apelos à insubmissão. Mesmo que tenham o sabor requentado de um soundbyte apropriadado para a plateia. Ou sabendo-se que, para um comunista, a liberdade auto-determinada é pouco menos do que uma heresia. Por outro lado, o fascismo não regressa, pois já aí está. Convenientemente diluído no quotidiano, até se tornar quase indetectável. Dizia ontem o Pedro Mexia na sua crónica do "Público", a propósito de um novo absolutismo - a idealização do mundo infantil - que se hoje fizesse uma simples e inocente festa numa criança na via pública, seria logo olhado de viés pelos transeuntes. Possivelmente, um polícia iria tomando notas, acrescento.

Sem comentários:

Enviar um comentário