As eleições intercalares em Lisboa têm o mérito de revelar algumas tendências em curso no panorama político nacional, ao mesmo tempo que o pathos dos vários candidatos:
1º desde logo, a inacreditável decisão da governadora civil em marcar as eleições para 1 de Julho, ao arrepio da lei, impedindo que se formassem e organizassem candidaturas independentes, em benefício claro das listas apresentadas pelos partidos políticos. Como se sabe, por imposição do Tribunal Constitucional, o acto eleitoral foi marcado para quinze dias depois. Coincidência ou não, a referida senhora foi vista recentemente numa acção de campanha do PS.
2º António Costa aparece, à partida, como o candidato ganhador . Mas ter avançado para a corrida diz bem da estratégia que o Governo montou para a autarquia lisboeta: uma espécie de mostruário, um elo instrumental das grandes decisões da Administração central em matéria urbanística, ambiental, financiamento das autarquias e planeamento do território.
3º O PSD deu de barato estas eleições como perdidas, não se esperando grandes surpresas do seu cabeça de lista, Fernando Negrão.
4º O CDS-PP avançou com Telmo Correia, um dos pitbull multiusos de Portas. Sendo óbvio que a gestão de expectativas associada se limita à fixação de eleitorado e lançamento de soundbytes no palco mediático. Capitalizados por Portas no seu labor oposicionista.
5º Sá Fernandes (o Grande Embargador) aparece de pedra e cal pelo BE. Decerto reunirá algumas simpatias que ultrapassam o universo tradicional do Bloco e cimentará a sua posição no executivo camarário. No entanto, apesar de bramir contra as sinecuras camarárias, incluindo os assessorias, veio-se a saber que o vereador tem ao seu serviço 11 assessores, custando ao erário público cerca de 20 880 Euros mensais. Os vícios aprendem-se depressa.
6º Helena Roseta parece ser a única lufada de ar fresco nesta eleição. Captando simpatias e apoios em várias faixas do eleitorado, de forma transversal, adivinha-se uma votação significativa na sua candidatura. Resta saber quem escolherá para a sua equipa e qual o programa que irá apresentar. Pois não basta agitar a marca da independência e da "marginalidade" em relação às estruturas partidárias. Das quais, afinal, procede. Pede-se-lhe que os métodos sejam diferentes e o modo de exercício do poder escape à lógica habitual do tráfico de influências e do clientelismo. Deste modo, talvez constitua a grande surpresa para Lisboa.
Soube agora que Carmona Rodrigues anunciará hoje a sua candidatura a esta corrida eleitoral. Esperando uma vaga de fundo que o sustivesse e um convite de um "Gosford Park" partidário que não vieram, Carmona atirou-se de cabeça para o altar sacrificial. Pretende assim forçar uma espécie de desagravo público perante quem lhe retirou o tapete. Sob as vestes de uma candidatura unipessoal, destinada a marcar presença. Mas que, por ser feita à margem da tralha dos partidos, é de aplaudir.
1º desde logo, a inacreditável decisão da governadora civil em marcar as eleições para 1 de Julho, ao arrepio da lei, impedindo que se formassem e organizassem candidaturas independentes, em benefício claro das listas apresentadas pelos partidos políticos. Como se sabe, por imposição do Tribunal Constitucional, o acto eleitoral foi marcado para quinze dias depois. Coincidência ou não, a referida senhora foi vista recentemente numa acção de campanha do PS.
2º António Costa aparece, à partida, como o candidato ganhador . Mas ter avançado para a corrida diz bem da estratégia que o Governo montou para a autarquia lisboeta: uma espécie de mostruário, um elo instrumental das grandes decisões da Administração central em matéria urbanística, ambiental, financiamento das autarquias e planeamento do território.
3º O PSD deu de barato estas eleições como perdidas, não se esperando grandes surpresas do seu cabeça de lista, Fernando Negrão.
4º O CDS-PP avançou com Telmo Correia, um dos pitbull multiusos de Portas. Sendo óbvio que a gestão de expectativas associada se limita à fixação de eleitorado e lançamento de soundbytes no palco mediático. Capitalizados por Portas no seu labor oposicionista.
5º Sá Fernandes (o Grande Embargador) aparece de pedra e cal pelo BE. Decerto reunirá algumas simpatias que ultrapassam o universo tradicional do Bloco e cimentará a sua posição no executivo camarário. No entanto, apesar de bramir contra as sinecuras camarárias, incluindo os assessorias, veio-se a saber que o vereador tem ao seu serviço 11 assessores, custando ao erário público cerca de 20 880 Euros mensais. Os vícios aprendem-se depressa.
6º Helena Roseta parece ser a única lufada de ar fresco nesta eleição. Captando simpatias e apoios em várias faixas do eleitorado, de forma transversal, adivinha-se uma votação significativa na sua candidatura. Resta saber quem escolherá para a sua equipa e qual o programa que irá apresentar. Pois não basta agitar a marca da independência e da "marginalidade" em relação às estruturas partidárias. Das quais, afinal, procede. Pede-se-lhe que os métodos sejam diferentes e o modo de exercício do poder escape à lógica habitual do tráfico de influências e do clientelismo. Deste modo, talvez constitua a grande surpresa para Lisboa.
Soube agora que Carmona Rodrigues anunciará hoje a sua candidatura a esta corrida eleitoral. Esperando uma vaga de fundo que o sustivesse e um convite de um "Gosford Park" partidário que não vieram, Carmona atirou-se de cabeça para o altar sacrificial. Pretende assim forçar uma espécie de desagravo público perante quem lhe retirou o tapete. Sob as vestes de uma candidatura unipessoal, destinada a marcar presença. Mas que, por ser feita à margem da tralha dos partidos, é de aplaudir.
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