Sócrates acaba de quebrar o silêncio sobre o seu percurso académico e título profissional. Depois de ter ficado claramente demonstrado que mentiu em relação a ambos, pelo menos até 1996. Fica ainda por apurar se alguma vez esteve inscrito na Ordem dos Engenheiros, condição para usar o título respectivo. Na entrevista que deu na TV pública, Sócrates podia, mesmo assim, salvar a face, admitindo que mentiu. Talvez assim criasse uma empatia com o país e a sombra de uma ética duvidosa que sob si pesa fosse atenuada por uma magnanimidade desculpabilizante em que somos pródigos. Podia mesmo revelar que, como dizia o Ricardo Araújo Pereira, tudo aconteceu por pressão da mãe, que assim já podia dizer às amigas que tinha um filho engenheiro (só primeiro ministro soa assim como que demasiado oficial). Que diabo, o homem nem precisava de ser nenhum Eiffel, bastava só o titulozinho para emoldurar a vaidade! Enfim, podia tudo repousar no limbo do pecadilho menor, suscitando uma complacência popular que advém da cumplicidade. Reconhecendo a fraude, poderia transformá-la numa trapalhada benigna, justificável pela ânsia de respeitabilidade que, no imaginário popular, um título académico concede. Mas nada disso aconteceu: manteve a conhecida pose característica de uma fleuma trabalhada, que esconde uma profunda arrogância. E querendo mostrar, à força, uma tranquilidade unicamente traída por um ligeiro tremor da voz. Recorreu mesmo a umas máximas que exaltam a coragem perante a adversidade, mais destinadas a convencer-se a si próprio do que ao auditório. Em suma, a peça foi boa, mas a representação péssima. Assim não, sr. Primeiro Ministro.
Sobre o percurso académico de Sócrates, ver aqui mais informação.
Sobre o percurso académico de Sócrates, ver aqui mais informação.
Muito bem, Gil
ResponderEliminarAgora soube-se que esteve matriculado na Lusíada, em Direito, durante três anos. Nunca lá pôs os pés. Temo que, um destes dias, apareça por aí uma certidão atestando a sua licenciatura. Com distinção, claro.
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