Há uns dias descobri um blogue do qual não quero deixar de fazer aqui uma referência. Chama-se "Aldeia dos Macacos" e é editado por Justin Time, um curioso pseudónimo para alguém que prefere manter o anonimato. Sabe-se que o autor vive temporariamente na Guarda (Guardosibirsk), da qual já fez alguns retratos, nos quais o elogio fácil e a condescendência andam arredados. Nada melhor do que o olhar dos outros para revermos o nosso. De resto, o blogue é graficamente muito interessante e os conteúdos destacam-se pela sobriedade, irreverência bem humorada (algumas rubricas como"prémios", "aforismos inúteis", "a idade dos porquês" e "frases a evitar num funeral" são brilhantes) e bom gosto. Mas leiam-se os textos sobre a Guarda, aqui e aqui, antes de mais. Não resisto a citar o último. Diz o autor, sobre a cidade:
-Não tem arrumadores de carros. Uma pessoa tem que se desenrasacar sozinha, por vezes tendo que escolher entre vários lugares de estacionamento (e essa é outra...)
-Não tem grafittis, salvo um caso esporádico, e muito artesanal - qualquer coisa como "amo-te Darky"(referência a um alóctone, pois aqui toda a gente é Manuel ou Maria).
- Não tem pessoal "dos sem-abrigo". Como é que uma pessoa se diverte á noite e vem com os copos? Dá pontapés nos caixotes do lixo?
-Não tem agarraditos (pelo menos não se veêm) facto que corrobora a primeira observação.
- Não tem engarrafamentos. Todo povo tem que chegar a casa a horas e levar com a conversa de familia. Tangas..
-Não tem merda de cão nos passeios. O que deixa o pessoal olhar para as montras à vontade e gastar mais do que tem. Um autêntico apelo ao consumismo.
-Tem um restaurante onde a comida é bem confeccionada, com muito boa apresentação, servida com simpatia e que não nos custa os olhos da cara(pelo menos...),fazendo o cliente sentir-se um explorador colonialista...
Pois bem, lamento desiludir o Justin time, mas a Oppidana já tem tudo isso. Todavia, com sinais distintivos próprios:
os arrumadores só aparecem de vez em quando, principalmente junto aos CTT;
é claro que há grafitis, e não só os que refere, bastando circular e olhar com atenção;
para encontrar os "agarraditos", basta parar durante o dia nas imediações do CAT, na Praça Velha e, à noite, em frente à Misericórdia;
é claro que tem engarrafamentos. Mas aqui são "diferentes", pois só acontecem entre as 17-30 e as 18.30, em ruas bem determinadas, ou quando a selecção de futebol ou um dos clubes "grandes" ganham alguma coisa;
quanto à merda de cão, concordo. Até já imaginei um slogan para enviar à senhora vereadora do Turismo: "Guarda: a única cidade sem merda (de cão) nos passeios!";
por último, bons restaurantes é coisa que realmente não abunda na cidade. Contudo, existem alguns que possuem os requisitos que o autor menciona. Só que não vou aqui fazer deles publicidade. Sobre o assunto, ao Justin Time direi: "informa-te melhor e mudarás de ideias".
-Não tem arrumadores de carros. Uma pessoa tem que se desenrasacar sozinha, por vezes tendo que escolher entre vários lugares de estacionamento (e essa é outra...)
-Não tem grafittis, salvo um caso esporádico, e muito artesanal - qualquer coisa como "amo-te Darky"(referência a um alóctone, pois aqui toda a gente é Manuel ou Maria).
- Não tem pessoal "dos sem-abrigo". Como é que uma pessoa se diverte á noite e vem com os copos? Dá pontapés nos caixotes do lixo?
-Não tem agarraditos (pelo menos não se veêm) facto que corrobora a primeira observação.
- Não tem engarrafamentos. Todo povo tem que chegar a casa a horas e levar com a conversa de familia. Tangas..
-Não tem merda de cão nos passeios. O que deixa o pessoal olhar para as montras à vontade e gastar mais do que tem. Um autêntico apelo ao consumismo.
-Tem um restaurante onde a comida é bem confeccionada, com muito boa apresentação, servida com simpatia e que não nos custa os olhos da cara(pelo menos...),fazendo o cliente sentir-se um explorador colonialista...
Pois bem, lamento desiludir o Justin time, mas a Oppidana já tem tudo isso. Todavia, com sinais distintivos próprios:
os arrumadores só aparecem de vez em quando, principalmente junto aos CTT;
é claro que há grafitis, e não só os que refere, bastando circular e olhar com atenção;
para encontrar os "agarraditos", basta parar durante o dia nas imediações do CAT, na Praça Velha e, à noite, em frente à Misericórdia;
é claro que tem engarrafamentos. Mas aqui são "diferentes", pois só acontecem entre as 17-30 e as 18.30, em ruas bem determinadas, ou quando a selecção de futebol ou um dos clubes "grandes" ganham alguma coisa;
quanto à merda de cão, concordo. Até já imaginei um slogan para enviar à senhora vereadora do Turismo: "Guarda: a única cidade sem merda (de cão) nos passeios!";
por último, bons restaurantes é coisa que realmente não abunda na cidade. Contudo, existem alguns que possuem os requisitos que o autor menciona. Só que não vou aqui fazer deles publicidade. Sobre o assunto, ao Justin Time direi: "informa-te melhor e mudarás de ideias".
Agradeço, de forma sincera, as observações sobre o blog.
ResponderEliminarPor outro lado, penitencio-me pela rapidez excessiva na análise do contexto sócio-cultural da Guarda e pelas incorrecções referidas esclarecendo, também, que todas as observações partiram de uma perspectiva irónica e não acintosa.
Realmente, existem grafittis, engarrafamentos e malta que não lê a Aldeia dos Macacos (e, concomitantemente, anda metido na “droga”).
Aliás, a semana passada estive refém de um monumental engarrafamento – cerca de cinco minutos – onde foi possível observar melhor a realidade da Guarda (uma carrinha parada permite uma dissecação muito superior a um mero e rápido trajecto entre o local de trabalho e a pensão) …
Vi, inclusive, proto-grafittis como o mural do PCTP perto da estação de autocarros que me fizeram reflectir sobre a religiosidade inerente às gentes da Beira Interior (de facto, até o candidato maoísta tinha como apelido “Espírito Santo”).
E, no fundo, mais vale o encanto pacato da Guarda que a civilização frenética da Amadora.
Justin Time
O blogue é realmente interessante. Bem visto.
ResponderEliminar