Um Natal em Lisboa. Aos poucos, quase sem dar por isso, agora que a minha bússola aponta para outras paragens, sou levado a participar numa homenagem incerta, mas intensa, que a tranquilidade faz à agitação. Sem louvores antecipados, sem a intervenção de uma memória poderosa e cada vez mais imperturbável face aos singulares efeitos da luz a escoar-se pelos telhados ao fim da tarde. Uma imagem solta com que Fradique evocava a "sua" Lisboa. Longe, muito longe de um retorno, ou de um impulso exigido pela nostalgia. Antes a ocasião para a errância, para a descoberta sincera, sem afectação, para a fusão com um movimento, um caudal que se reconhece não sendo de ninguém, mas com o qual a empatia tem um sabor semelhante ao da liberdade.
Entre a prova da magnífica cozinha goesa, numa tasca em Santos - a sarapatela estava um espanto - e a degustação de um cachimbo de água com sabor a rosas, num Bar de Alfama, já nem me lembro da pantagruélica árvore de Natal, "plantada" no Terreiro do Paço. Apesar de tudo, prefiro a luz a escoar-se pelos telhados...
Entre a prova da magnífica cozinha goesa, numa tasca em Santos - a sarapatela estava um espanto - e a degustação de um cachimbo de água com sabor a rosas, num Bar de Alfama, já nem me lembro da pantagruélica árvore de Natal, "plantada" no Terreiro do Paço. Apesar de tudo, prefiro a luz a escoar-se pelos telhados...
As cidades têm uma personalidade porventura mais singular do que um indivíduo. São desafios ao engenho da memória.
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