A Roman Jakobson
Entre o que vejo e digo,
Entre o que digo e calo,
Entre o que calo e sonho,
Entre o que sonho e esqueço
A poesia.
Desliza entre o sim e o não:
diz
o que calo,
cala
o que digo,
sonha
o que esqueço.
Não é um dizer:
é um fazer.
É um fazer
que é um dizer.
A poesia
diz-se e ouve-se:
é real.
E quando digo
real,
dissipa-se.
Assim é mais real?
Ideia palpável,
palavra
intocável:
a poesia
vai e vem
entre o que é
e o que não é.
Tece reflexos
e desfia-os.
A poesia
semeia olhos nas páginas
semeia palavras nos olhos.
Os olhos falam,
as palavras vêem,
os olhares pensam.
Ouvir
os pensamentos,
ver
o que dizemos
tocar
o corpo
da ideia.
Fecham-se
os olhos
abrem-se as palavras.
Entre o que vejo e digo,
Entre o que digo e calo,
Entre o que calo e sonho,
Entre o que sonho e esqueço
A poesia.
Desliza entre o sim e o não:
diz
o que calo,
cala
o que digo,
sonha
o que esqueço.
Não é um dizer:
é um fazer.
É um fazer
que é um dizer.
A poesia
diz-se e ouve-se:
é real.
E quando digo
real,
dissipa-se.
Assim é mais real?
Ideia palpável,
palavra
intocável:
a poesia
vai e vem
entre o que é
e o que não é.
Tece reflexos
e desfia-os.
A poesia
semeia olhos nas páginas
semeia palavras nos olhos.
Os olhos falam,
as palavras vêem,
os olhares pensam.
Ouvir
os pensamentos,
ver
o que dizemos
tocar
o corpo
da ideia.
Fecham-se
os olhos
abrem-se as palavras.
Octavio Paz, tradução de Manuel A. Domingos
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