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segunda-feira, 6 de novembro de 2006

Notas hertzianas

Desde os tempos do "mocas" (a Rádio Altitude, para quem não sabe) que a rádio é um elemento essencial do meu quotidiano. É claro que a audição é, cada vez mais, selectiva. Para informação e debate, recorro à TSF. Para ouvir música nova e compactos temáticos, sintonizo a Antena 3, embora só à noite, pois no período diurno escasseia o serviço público. Compensado com a audição da excelente RNE 3, a "sucedânea" espanhola. Aqui, a qualidade musical é superlativa. A Antena 2 é igualmente uma referência crónica. No panteão da memória permanece a saudosa XFM, que depois, um degrau abaixo, se transformou na VOXX. O mesmo se diga de uma rádio localizada nos arredores de Lisboa, onde cheguei a fazer algumas emissões regulares, numa altura em que se aguardava a atribuição dos alvarás - a Rádio Horizonte Tejo. Informação local, já se sabe, é na Rádio Altitude. Nada de "estação das grandes músicas", ou Rádio Comercial, as quais, noblesse oblige, sou obrigado a ouvir nos balneários da piscina e nos expressos da Joalto. Por outro lado, é desesperante "levar" com espaços publicitários cada vez mais extensos, especialmente na TSF e na maioria das rádios locais. Para já não falar de um irritante expediente, utilizado pela maioria dos jornalistas que lêem os noticiários: o pivot repete exaustivamente o conteúdo da notícia que o repórter acabou de transmitir. Dá ideia que os ouvintes são crianças numa escola primária em que é preciso repetir a lição mais do que uma vez, ou que têm sérios problemas auditivos.
Recentemente, graças às possibilidades tecnológicas criadas através da web 2.0, tornei-me ouvinte assíduo das estações que emitem em streaming, ou aquelas em que posso configurar os conteúdos de acordo com gostos pessoais, de forma interactiva, nos chamados sistemas de recomendação musical. Das últimas já aqui dei notícia. O sistema Pandora, por exemplo, pode ser acedido através do plugin no sidebar deste blogue. Relativamente às primeiras, podem ser escutadas mediante software de leitura multimédia apropriado, associado a uma base de dados de estações de rádio: Winamp, Windows Media Player, Itunes e Online Radio Tuner. Este último é um programa muito simples de operar, no qual as emissões podem ser gravadas directamente e que recomendo. Como sugestões de audição, eis algumas das minhas estações favoritas:
And that's all folks!

PS: sugerida pelo Kubik, recomenda-se outra plataforma de selecção e leitura de estações online: o sensacional Screamer Radio. Efectua busca por géneros, geográfica, ou rede; possui várias opções de codificação das gravações e um osciloscópio.

7 comentários:

  1. Concordo com todas as observações mas sou algo mais pessimista: a rádio em Portugal formatou-se de tal forma que grassa a total boçalidade em todos os aspectos. As estações radiofónicas mimetizam-se no que cada uma tem de pior – os mesmos tiques dos animadores, a imposição da ditadura da playlist, a mesma formatação de programas, o mesmo tratamento da matéria informativa. Só para dar um exemplo: a Rádio 3 espanhola – estação nacional de rádio equivalente à RDP – tem os programas musicais mais alternativos a partir… das 9h da manhã até ao meio-dia! É algo impensável em Portugal acordar e ouvir o último dos Neubauten, dos Mouse on Mars, dos Animal Collective ou ir de carro para o emprego e ouvir o comentador falar da relação entre krautrock e a electrónica actual! Ou seja, o verdadeiro programa de autor em horário nobre = serviço público de qualidade.

    A rádio espanhola tem programas de autor (como eram os do António Sérgio, Ricardo Saló ou António Cabrita), com anos e anos de programas temáticos no ar (jazz, electrónica, étnica, clássica, rock) que fidelizam os públicos e apelam à sua participação (mas não através dos imbecis concursos que alastram na Antena 3). Os autores dos programas radiofónicos espanhóis diferenciam-se dos portugueses num pormenor: a sua imensa cultura musical e a sua capacidade pedagógica de incutir o prazer da música no ouvinte.

    As rádios nacionais como a Rádio Comercial e a RFM são uma aberração completa. É impressionante como conseguem manter a liderança das rádios mais ouvidas. Ouvir Queen, Supertramp, Elton John ou Phil Collins 10 vezes por dia é já do foro patológico - para quem faz os programas e para quem ouve. Continuam a passar massivamente os eternos hits de há 20 anos, o que significa que irão passar os actuais êxitos daqui... a 20 anos.

    A Antena 2 presta um bom serviço cultural, mas está demasiado encalhada na música clássica e na excessiva erudição (rádio de elites?). A TSF só ouço por vezes dado que, a selecção musical já teve melhores dias (agora é péssima) e mesmo a informação me desencoraja ouvir dada a quantidade escabrosa de publicidade que pulula pelo meio dos noticiários. A XFM, como bem referes, foi um verdadeiro Oásis de criatividade e inovação. Hoje ainda se podem ouvir as melhores propostas musicais na RUC (com emissões online).

    E, claro, na imensa babilónia radiofónica que é a internet. Há um site viciante que aconselho vivamente e que deve ter, tendencialmente, quase todas as emissões importantes do mundo: http://www.screamer-radio.com/
    Descarrega-se o programazinho chamado Screamer e tem-se acesso, de imediato, a centenas de estações de rádio por todo o mundo e de todos os continentes. É possível ouvir emissões excêntricas de Marrocos, da Palestina, do Japão, da Malásia, do Chipre, do Peru, da Islândia, do Quénia… E também se pode ouvir por género musical: da música de cartoons à música hawaiana, do reggae ao drum’n’bass mais abstracto e sofisticado, do canto dos pigmeus africanos à grande música religiosa, do free jazz aos êxitos comerciais dos anos 80. Uma verdadeira porta aberta ao conhecimento e à fruição.

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  2. Também sou um ouvinte regular de rádio, principalmente de uma rádio que surgiu com um conceito novo - www.last.fm - fazemos o download de um pequeno programa para o computador, inserimos o nome de um projecto que gostamos ou queremos conhecer, e, o que esse programa faz é relacionar nomes de projectos similares (por vezes aparecem coisas completamente diferentes, mas tá-se bem!, sempre se pode passar à faixa seguinte), logo passamos à escuta. Outro pormenor interessante é por ex: estamos a ouvir um projecto que não conhecemos, clicando na imagem do album que aparece quase sempre , leva-nos à página mãe, podendo nesse link por onde fomos encaminhados ouvir outras músicas desse mesmo projecto, até previews de albuns inteiros como se estivéssemos numa loja(assim podemos investigar, conhecer, e se gostarmos - comprar - ali ou na discoteca + próxima).

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  3. Ah! Esqueci-me de referir, mas também se pode ouvir tag's de imensos estilos...

    www.last.fm

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  4. Obrigado pela sua sugestão. Acontece que o last.fm já aqui foi referido noutro post, como de resto está assinalado. É uma excelente plataforma. Só que,algumas funcionalidades, como a criação de uma rádio personalizada, só são acessíveis mediante subscrição. No pandora, pelo contrário, o feedback do projecto é imediato, embora os critérios de selecção sejam mais lineares e as tags não funcionem tão bem. E ainda, o inteface é mais simples de trabalhar. Razões pelas quais utilizo o primeiro para recolher informações e o segundo para criar rádios pessoais.

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  5. Não tinha lido esse post, nem cliquei no link....
    Mas a intenção era boa...

    P.S. vou pesquisar o Pandora (realmente desconheço)

    go on

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  6. Já agora,existem mais dois sites de streaming áudio. São eles o My Strands e o Launchcast, da yahoo. Mas são inferiores aos aqui já falados.

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