Em 2001 Ursula Rucker estreou-se no panorama musical com «Supa Sista», disco onde aparecia com o apoio de colectivos como Jazzanova e 4Hero e mostrava já como é uma personalidade bastante crítica em relação a tudo o que a rodeia. Dois anos mais tarde mostrou-nos «Silver or Lead», onde Ursula Rucker nos continuou a presentear com a sua poesia interventiva, embuída em sonoridades hip hop, downbeat e electrónicas.
Este ano a cantora e poetisa norte-americana volta ao ataque com «Ma’at Mama». Mantendo um registo de spokenwords com traços comuns a Laurie Anderson, a figura da mulher é algo a que Ursula Rucker dá especial destaque, referindo com a sua crueza e frontalidade já conhecidas, o papel da mulher nos dias de hoje e a constante exploração sexual que se faz em torno da sua figura.
Há já algum tempo que o seu trabalho despertou o meu interesse. Ursula Rucker é algo de diferente, um hip-hop muito particular, muito especial, que alia a tradição contestária desta cultura ("Hip Hop is not a music category, it's a culture") com preocupações feministas fundamentais, como a opressão do patriarcado, violência doméstica, a alteridade, a experiência da assimetria e da diferença entre os sexos. Ursula é poeta e joga com o poder da sua palavra e da sua voz muito clara. Nascida em Philadelphia, destacou-se com o primeiro álbum, Supa Sista. Alimentada por todo um imaginário Feminista + Black Power, canta a opressão. Denunciando discriminações várias, num estilo musical muito particular e muito bem concebido, assume-se como uma songwriter de intervenção. Ursula Rucker canta a partir do seu standpoint feminista, dando alento à luta, da qual não se exime e à qual alude várias vezes, como na referência ao célebre Ain't I a Woman de Sojourner Truth, recuperado por Bell Hooks e que deu forma e conteúdo ao feminismo negro e à análise experiências de dupla e tripla discriminação - género, etnicidade e classe. Aconselho vivamente o Silver or Lead, onde até a white trash lady tem lugar.
Em «Ma’at Mama» Ursula Rucker já não se faz acompanhar de vários músicos célebres que partilham consigo esta mescla de sonoridades com suporte no hip hop, mas que voa até ao jazz (muito presente neste disco), blues, soul ou funk, mas desta vez decidiu contar apenas com a ajuda de Anthony Tidd (membro dos The Roots). No entanto, este facto não provocou terramotos na música de Úrsula Rucker, pois esses estão sim presentes em cada uma das palavras que esta cantora vai cantando ou declamando, capazes de abalar o espírito mais dormente.
A ouvir com especial atenção: Rant Hat in Here; I Ain't Yo Punk Ass Bitch; Children's Poem.
Este ano a cantora e poetisa norte-americana volta ao ataque com «Ma’at Mama». Mantendo um registo de spokenwords com traços comuns a Laurie Anderson, a figura da mulher é algo a que Ursula Rucker dá especial destaque, referindo com a sua crueza e frontalidade já conhecidas, o papel da mulher nos dias de hoje e a constante exploração sexual que se faz em torno da sua figura.
Há já algum tempo que o seu trabalho despertou o meu interesse. Ursula Rucker é algo de diferente, um hip-hop muito particular, muito especial, que alia a tradição contestária desta cultura ("Hip Hop is not a music category, it's a culture") com preocupações feministas fundamentais, como a opressão do patriarcado, violência doméstica, a alteridade, a experiência da assimetria e da diferença entre os sexos. Ursula é poeta e joga com o poder da sua palavra e da sua voz muito clara. Nascida em Philadelphia, destacou-se com o primeiro álbum, Supa Sista. Alimentada por todo um imaginário Feminista + Black Power, canta a opressão. Denunciando discriminações várias, num estilo musical muito particular e muito bem concebido, assume-se como uma songwriter de intervenção. Ursula Rucker canta a partir do seu standpoint feminista, dando alento à luta, da qual não se exime e à qual alude várias vezes, como na referência ao célebre Ain't I a Woman de Sojourner Truth, recuperado por Bell Hooks e que deu forma e conteúdo ao feminismo negro e à análise experiências de dupla e tripla discriminação - género, etnicidade e classe. Aconselho vivamente o Silver or Lead, onde até a white trash lady tem lugar.
Em «Ma’at Mama» Ursula Rucker já não se faz acompanhar de vários músicos célebres que partilham consigo esta mescla de sonoridades com suporte no hip hop, mas que voa até ao jazz (muito presente neste disco), blues, soul ou funk, mas desta vez decidiu contar apenas com a ajuda de Anthony Tidd (membro dos The Roots). No entanto, este facto não provocou terramotos na música de Úrsula Rucker, pois esses estão sim presentes em cada uma das palavras que esta cantora vai cantando ou declamando, capazes de abalar o espírito mais dormente.
A ouvir com especial atenção: Rant Hat in Here; I Ain't Yo Punk Ass Bitch; Children's Poem.
Boa escolha. Também gosto muito dela!
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