No seu livro "Os Demónios", Dostoievski utiliza dois personagens, Kirilov e Shatov, para exprimir a ambivalência da necessidade e importância de Deus.
Kirilov acredita que a vida consiste em dor e sofrimento. Para ele, Deus não existe e, consequentemente, tudo é possível, incluindo o suicídio, encarado como a expressão máxima da transcendência humana noutra forma, maxime uma existência divina. Ele observa que a felicidade não tem correspondência com as circunstâncias individuais, mas com um estado de espírito. Nesta linha, se alguém acredita na felicidade será feliz e nada haverá que a possa negar. O entendimento de Kirilov acerca de Deus ou da sua falta permite encará-lo como um dos personagens mais carismáticos criados pelo autor russo. Nesta obra, Kirillov surge como uma espécie de figura crística. Planeia matar-se para libertar os outros membros do grupo, perecendo pelos seus pecados. Toma assim em mãos o papel de Cristo, libertando a espécie humana para que todos possam aceder à tal transcendência que os aproximará de Deus
Kirilov acredita que a vida consiste em dor e sofrimento. Para ele, Deus não existe e, consequentemente, tudo é possível, incluindo o suicídio, encarado como a expressão máxima da transcendência humana noutra forma, maxime uma existência divina. Ele observa que a felicidade não tem correspondência com as circunstâncias individuais, mas com um estado de espírito. Nesta linha, se alguém acredita na felicidade será feliz e nada haverá que a possa negar. O entendimento de Kirilov acerca de Deus ou da sua falta permite encará-lo como um dos personagens mais carismáticos criados pelo autor russo. Nesta obra, Kirillov surge como uma espécie de figura crística. Planeia matar-se para libertar os outros membros do grupo, perecendo pelos seus pecados. Toma assim em mãos o papel de Cristo, libertando a espécie humana para que todos possam aceder à tal transcendência que os aproximará de Deus
Shatov, pelo contrário, quer acreditar em Deus, mas pressente que não tem fé. Valoriza a ideia de Deus e toma a religião como um factor essencial para a identidade da nação russa. Mas deu-se conta de que o seu modo de vida e as suas referências não lhe permitem ter fé. Admite a existência de Deus, mas tal postulado, só por si, não atrai a verdadeira fé. Por fim, Dostoievski coloca Shatov num papel trágico: no momento preciso em que se começa a conhecer, desenvolvendo uma convicção religiosa, é assassinado.
Quer Kirilov quer Shatov possuem convicções inabaláveis: o primeiro tem fé mas não acredita em Deus, já o segundo acredita, mas não tem fé.
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