Reflexões, notas, impressões, apontamentos, comentários, indicações, desabafos, interrogações, controvérsias, flatulências, curiosidades, citações, viagens, memórias, notícias, perdições, esboços, experimentações, pesquisas, excitações, silêncios.

quarta-feira, 31 de maio de 2006

Diário de um Tolo - 2

Variações sim porém não é o antónio mas o sebastião goldberg que o náufrago gould das produções vintage toca como ninguém é o que estou a ouvir mas aposto que isto vos interessa tanto como o número exacto de virgens que o imperador heliogábalo mandou desfilar em roma depois da conquista da síria montadas em elefantes ao som dos címbalos e dos cânticos das vestais eis que vivemos num tempo impossivel para a loucura e para a doce crueldade o gajo toca mesmo ah pacheco luiz que agora convives com os mortos anunciados e proibidos nesta coisa clean e jovial são encomendas que urge despachar quanto antes o que interessa é o perfil apresentável e dinâmico não é verdade ó emproados que não sabeis apreciar uma vinha em setembro ou uma criança grande que parte copos demasiado frágeis para a sua alegria e o seu amor deserto porque nada é igual a isto nada nem a morte a morte na luz desesperante na queda de uma parte de deus no centro de um círculo ilusório e como que ponto vivo das palavras de elsinore as do país da magia do abandono da nudez da modificação e do despojamento talvez o destino insensato do viajante no deserto não é verdade ó enfatuados preâmbulos de coisa nenhuma superlativos rançosos da opevê da vidinha entre o job a domus e o poema que jamais esperará por vós sim vós que nem sequer sabeis olhar para a vossa escolhida como uma aparição diária vós angariadores do tempo mas não de um tempo o tempo de bach que agora escuto vós os apressados inúteis na bestial tarefa de prescrutar a vossa inutilidade patética bach ilumina-me joyce vem também o meu ódio cresce tanto como a urgência do amor a neve continua a cair conheço-lhe o sabor tal como o de um relâmpago estendido à beira do outono e cujas forças experimento sem saber porquê risível transporte patética fantasia imprudente erudição venal condescendência
afinal a neve não existe
só aves cegas rodopiando em busca de terra

quella sí lontana sorrise e poi si tronò all'eterna
fontana
depois só ficará a minha lágrima de ray que ainda não parou de me enganar
tão
docemente.

Nota de rodapé, em jeito de legenda: a Guarda em Fevereiro, vista de casa.

3 comentários:

  1. Este é o melhor texto original que já vi neste blog.

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  2. Também gostei muito. Cruelmente(cruamente?)lindo! Beijinhos.

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  3. Belo, muito belo. E terrível, também.

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