O Governo da República está a estudar a forma de extorquir mais umas coroas ao incauto cidadão, antes do período de defeso do Mundial de Futebol, altura em que, podendo, pedirei asilo político num iglo algures no ártico. Desta vez, segundo o jornal "Público" de ontem, vai agravar a taxa social única de 11% para 13% para quem não tiver filhos ou só um, mantendo-se para quem tiver dois e beneficiando de "desconto" quem tiver mais que dois. Estou enternecido. Não há dúvida que o Estado pensa em nós, mesmo enquando concepturos.
Entretanto, vão fechando maternidades por esse país fora. Contraditório? Não. Existe uma explicação para o paradoxo: afim de concretizar o messiânico boom demográfico, vai dinamizar-se a circulação automóvel, com as pessoas a passar a vida entre a sua casa e a maternidade a 100 Kms, aprovisionando as despensas com fraldas, roupa para bebés, chupetas - adivinham-se tendências especulativas com estes artigos - e a aviar os receituários de Viagra, pois que o investimento é capaz de valer a pena. Agora pergunto: e aqueles que não podem (por razões económicas, clínicas, ou religiosas), ou não querem, por opção, obedecer ao célebre comando bíblico da multiplicação, vão ser penalizados por isso? Em que planeta estamos?
Se o Governo quer assegurar a sustentabilidade da Segurança Social, como lhe compete, então recorra a outras medidas, sem pôr em causa as liberdades individuais. Se essas medidas forem tomadas para encorajar o aumento da taxa de natalidade, então que os incentivos funcionem pela positiva - aumento do abono de família e dos períodos de licença de maternidade e de parto, por exemplo - mas nunca por uma penalização discriminatória. Só espero que o Presidente da República requeira a apreciação preventiva da constitucionalidade de qualquer diploma naquele sentido que lhe chegar às mãos.
epá, isso é mesmo verdade?
ResponderEliminarBoa!
ResponderEliminarOntem estava a dar os "Prós e Contras" na RTP e estavam a falar disso. Parece que vão recuar. É o modus típico deste Governo: primeiro vem o carro de som anunciar o circo e depois nunca se sabe se o circo vem...
Continua!
Desculpa a intromissão, mas essa medida é tão absurda que faz lembrar aquele gag do filme "O Sentido da Vida", dos Monthy Python, em que há uma família católica de um lado da rua com filhos por todo o lado. Do outro, uma família protestante, tomando tranquilamente o pequeno- almoço, despedindo-se do único filho que ia para a escola, e cantando uma música a enaltecer as vantagens da contracepção.
ResponderEliminarParece que sim, o Governo recuou nesta medida. Mas temo que outras semelhantes venham à sucapa.
ResponderEliminarFaz lembrar a história de um diácono de Trancoso do séc. xv: de não sei quantas ligações teve 500 filhos. Depois foi condenado e perdoado pelo D. João II porque povoou uma zona com falta de população...
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