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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2006

DIVANIMEN


Eu sou todos aqueles que um dia
descobriram na poeira o oiro dos caminhos,
as velhas fábulas, os lobos antigos,
os anos-luz mais clandestinos.

eu sou todos os que buscam
os ventos e as marés
o estalar dos ciprestes
a erosão das fronteiras e
só aí se filtram só aí se perdem,
ícaros devoradores de pássaros.


onde me acolhe agora a sombra?
no azul e no fim?
no limiar entre duas manchas de púrpura
cansadas de luz?
qual a fronteira?

na primeira há como que
a imensidão de um deserto
e não sei se já o disse,
na partilha do fogo as cidades
são abismos de pedra e cansaço

o outro, há sempre o outro,
mesmo se mancha de púrpura,
é um prisioneiro subindo
pelos olhos acima, de repente
quadraturas secretas da evasão.

leva-me. agora. qual a fronteira?


in "Labirintos

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